
Lançada em 2014, a franquia ‘Five Nights at Freedy’s’ logo atingiu o maior sucesso entre a comunidade dos jogos e logo foi se expandindo. Foram lançados 17 jogos até o momento, todos com uma enorme repercussão e sempre uma grande expectativa na comunidade. Quando o jogo foi lançado, centenas de canais no Youtube começaram a produzir conteúdo sobre o jogo, principalmente pelas teorias que envolviam a história dos animatronics da “Freddy’s fazbear pizza”. A franquia foi se expandindo para outras mídias até ganhar, finalmente, um filme em 2023 que foi um sucesso absoluto de bilheteria, faturando quase $300 milhões de dólares em um orçamento de apenas $20 milhões.
Após acontecimentos macabros envolvendo os animatronics da Freddy’s Fazbear Pizza, Abby (interpretada por Piper Rubio) ainda sente saudade dos seus únicos amigos, os animatronics. Enquanto tenta ao máximo reencontrá-los, Mike (interpretado por Josh Hutcherson) e Vanessa (interpretada por Elizabeth Lail) tentam seguir em frente e superar o passado.
Particularmente, tenho uma memória bastante afetiva com a franquia pois o auge dela, 2014-2016, era uma febre entre meus amigos na escola e nos canais do Youtube que eu assistia. Não era apenas um jogo de jumpscare, mas toda a força da comunidade em criar teorias e como o criador do jogo, Scott Cawthon, usava isso para criar uma atmosfera ao redor daquela história. Acho que a maior diferença do filme para os jogos é justamente essa. Não existe, em nenhum dos dois filmes, realmente uma construção potente de uma narrativa para fazer jus ao universo de FNAF ou então para algo que cause realmente medo ou agonia no público. Existem os sustos e até alguns momentos bem isolados que funcionam, mas no geral toda a obra acaba se baseando em respostas fáceis e rápidas, unicamente preparadas para aqueles que conhecem os jogos e as teorias ao redor do jogo. O maior problema disso tudo é não saber direito para onde ir, se baseando apenas em referências.

Há um momento do filme que um grupo desses “caçadores de mitos” típico dos Estados Unidos visita a segunda pizzaria e existe a presença do found-footage, câmera na mão, que ali sim há uma junção boa entre o filme e as referências aos jogos, funcionando muito bem para a tensão de todo aquele momento. Uma pena que toda essa sequência acabe sendo um momento isolado, já que a diretora, Emma Tammi, prefere investir na relação entre personagens, no laço afetivo entre Mike, Vanessa e Abby, ainda contando com a menção (uma tentativa presença além da tela que percorre o terror das cenas) à Charlotte. É interessante, no sentido negativo, como o filme se baseia em movimentos parecidos com ‘Halloween 2’ (1981), se tratando da tentativa de mostrar o mal voltando para a vida daquelas pessoas em forma de trauma, algo comum em continuações de franquias de terror. No caso de Halloween, é mostrado e feito com maestria toda a memória do Michael Myers e os efeitos que ele causou em Haddonfield. Já no universo de FNAF, isso é mostrado de um jeito que você não se preocupa. Aquelas crianças na cidade, sentem o que sobre aquilo? Como os adultos se sentem? Os pais das crianças que estavam presentes na morte de Abby, eles estão em que posição nessa história? Só é mostrado os personagens quando a história convém. Para um filme que busca tanto criar uma aura de terror sobre aquela história a partir de memórias, ele ignora os próprios acontecimentos e seus impactos, esperando para colocá-los em tela apenas quando a narrativa convém, mas nunca sendo funcional.
‘Five Nights At Freedy’s 2’ acaba caindo no limbo de querer agradar demais os fãs dos jogos, enchendo de referências aos jogos mas esquecendo de formar uma boa base para a história cinematográfica, apostando apenas nas relações humanas enfraquecidas e em apelos emocionais que nunca impactam de verdade.


