dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Fúria Primitiva

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O jovem ator britânico Dev Patel continua produzindo bastante e está de volta na direção para seu primeiro longa-metragem com um orçamento curto e uma história de ação que balança entre a obviedade e clichês do gênero e uma tentativa de ser profundo com forte crítica social.

Dirigido, escrito e estrelado por Dev Patel, ‘Fúria Primitiva’ narra a vida de Kid, um homem com várias questões do seu passado em aberto e que age para buscar vingança.

Não há muita diferença entre ‘Fúria Primitiva’ e os filmes mais descartáveis no gênero, principalmente se pensarmos nos filmes de ação que tem em streamings. Tentativa de construir um impacto a partir do passado do protagonista, cenas recheadas de iluminação bem “balada anos 2010” e porradaria e sangue rolando ao som de alguma música mais eletrônica.

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Porém, enquanto meu papel como crítico, não limito essa estética somente a filmes ruins. Muitos podem ter se lembrado de ‘John Wick’, o que é uma comparação obviamente não justa com filmes como o de Dev Patel. A diferença principal nesses casos é a construção do argumento. No caso de ‘Fúria Primitiva’, sua decupagem interfere muito nisso.

Somos bombardeados com imagens “bonitas” e uma montagem frenética, que vai tentando uma conexão com o espectador. Não há nenhuma profundidade naquelas imagens. A profundidade que o filme TANTO fica procurando está justamente no passado do protagonista, sua conexão com a religião, contexto social e a relação com sua mãe. A decupagem, a divisão de planos do filme, decide nos mostrar isso apenas na segunda metade da rodagem.

Até chegar esse momento, parece apenas que você está assistindo uma tentativa de cópia de ‘John Wick’, mas feita na Índia. Aliás, segue a cartilha de todo mundo hollywoodiano que tem alguma cena em países do Terceiro Mundo: aquela luz amarela com muita poeira, críticas sociais e políticas (bem vagas, lógico).

Quando o filme busca falar de religião, conta a história do protagonista com sua mãe, já se passaram dezenas de minutos maçantes. Os melhores momentos acabam sendo quando o filme não usa essa fórmula e explora esses lados próprios.

A lamentação fica com o grande potencial do filme, tanto mostrado pelo próprio filme quanto pelo extra-obra. Por exemplo, este ano tem eleições na Índia e todo esse tema político é tratado de forma bem ambígua, aquela linguagem liberal que conhecemos tanto no Brasil também.

‘Fúria Primitiva’ acaba tendo um grande potencial, com um contexto externo muito favorável para elevar a experiência do filme. Mas o diretor, em seu longa de estreia, prefere seguir uma cartilha de clichês do gênero que o público já está mais que adaptado.

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