dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Gaiola Mental

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Existe uma certa obsessão em Hollywood em tentar se inspirar no clássico filme de suspense e investigação O Silêncio dos Inocentes para a produção de certas obras, e algumas dessas tentativas são bem-sucedidas, como em Se7en: Os Sete Crimes Capitais. No entanto, há outras que são um desastre completo, como é o caso de Gaiola Mental, um longa de suspense dirigido por Mauro Borrelli e disponível no catálogo da Netflix.

Na trama, dois detetives investigam crimes idênticos aos de um serial killer conhecido como “O Artista”, que foi capturado e preso cinco anos antes. Para solucionar o caso, eles buscam a ajuda desse mesmo assassino na esperança de encontrar o imitador, mas descobrem que o caso é ainda mais sombrio e complexo do que esperavam.

O filme é estrelado por Martin Lawrence, John Malkovich e Melissa Roxbourgh, e todos estão terrivelmente mal em seus papéis. Lawrence atua no piloto automático, entregando diálogos rasos e genéricos em todas as cenas, o que também se aplica a Roxbourgh, incapaz de transmitir carisma em seus momentos de tela. A decepção fica especialmente com o personagem de Malkovich, que interpreta o serial killer à la Hannibal Lecter, mas não consegue transmitir intimidade ou temor.

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Contudo, o filme não é prejudicado apenas pelo péssimo desempenho de seu elenco principal. Isso, na verdade, é consequência do frágil roteiro escrito por Reggie Keyohara III. Além de não dar profundidade aos personagens, a narrativa deixa o espectador desinteressado pelo mistério, mesmo com o filme tendo apenas 90 minutos de duração.

Uma série de conveniências e furos fazem com que a trama de Gaiola Mental funcione quase como um sonífero para elefantes. Apesar dos pontos negativos evidentes, o filme se apoia em uma estética visual que remete ao gótico, lembrando a primeira temporada da série True Detective, especialmente na forma como as vítimas são encontradas, como se fossem verdadeiras obras de arte.
Entretanto, a direção de arte por si só não é suficiente para sustentar a produção, que certamente irá frustrar o espectador com seu desfecho beirando o absurdo. Gaiola Mental tenta mirar em uma versão atualizada de O Silêncio dos Inocentes, mas acaba parecendo mais uma sátira do que uma obra que realmente deva ser levada a sério.

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