dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Golpe de Sorte em Paris

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Pelo bem ou pelo mal, todo amante de cinema sente algo ao ouvir falar de Woody Allen. Seja pelos seus filmes no seu “auge” (décadas de 1970 e 1980), pela qualidade das suas obras mais recentes ou pelos escândalos que tomaram a mídia desde a década de 1990 e voltaram na década de 2010. Também pelo bem ou pelo mal, todo mundo sente algo sobre as obras “menores” do diretor. Com exceção de filmes conhecidos como ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ (1977), ‘Manhattan’ (1979) e ‘Meia Noite em Paris’ (2011), existe bastante debate sobre seus filmes, especialmente os lançados mais recentemente. De qualquer modo, acaba sendo consenso nas escolas de cinema que Woody Allen é um mar que merece ser explorado. Graças às acusações gravíssimas que já envolveram seu nome, Allen tem filmado seus últimos filmes na Europa, incluindo este,

Fanny (interpretada por Lou de Laâge) vive um romance aparentemente estável com Jean (interpretado Melvil Poupaud), uma situação financeira mais que agradável, mas tudo começa a mudar quando Fanny encontra Alain, antigo colega da época de escola que sempre foi apaixonado por ela.

É comum ver diretores(as) com uma carreira extremamente longeva se adaptando às novas tecnologias e as utilizando para tirar máximo proveito das suas ideias em suas obras, como Ridley Scott que começou na década de 1970 e, hoje em dia, se aproveita bastante das novas tecnologias para realizar suas obras, principalmente na questão gráfica. Apesar de não ser tão “plástico” como Scott, esse uso inventivo da evolução tecnológica é percebido nos filmes mais recentes do Woody Allen também. O mais impressionante, e o que chama atenção, é como mesmo com a técnica diferente (devido à essa evolução), a assinatura de Allen continua lá. E não estou falando da tradicional fonte usada nos créditos, mas sim da sua assinatura enquanto artista. Da mesma forma que um pintor possui seus traços em cada pintura ou um dançarino têm sua mecânica única, um diretor de cinema também.

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Créditos: O2 Play

O estilo Allen de filmar um romance, de mostrar a complexidade entre um casal, continua sendo algo único. A construção entre o relacionamento perfeito entre Fanny e Jean e os encontros escondidos da esposa com Alain, com elementos que marcam bem a separação dos ambientes como o uso das cores, com o casamento sempre tendo um tom amarelo e azul em cena, mas as saidinhas com o amante sendo alaranjado e com tons de vermelho, como se a paixão de Fanny estivesse mais intensa quando está com Alain, até pela própria bela atuação de Lou. Existem dois momentos distintos no filme, o focado no romance e o focado no suspense e investigação. Neste segundo momento, guiado totalmente pela mãe de Fanny, Camille (interpretada por Valérie Lemercier).

Como o próprio filme diz, o acaso faz parte da vida. O reencontro de um antigo amigo da época da escola, uma morte por acidente de caça ou um romance escrito sobre algo que está vivendo, os acasos na história do filme fazem parte dessa unidade que, desde o princípio, constrói bem uma atmosfera para seus momentos específicos e usa um tradicional roteiro de Allen, uma tradicional direção dele, uma tradicional trilha sonora, uma tradicional narrativa… no fim, é um tradicional Woody Allen. Talvez não seja nada espetacular ou muito diferente do gênero, mas é um prato cheio para quem conhece a filmografia do Nova Iorquino.

‘Golpe de Sorte em Paris’ é aquilo que se espera de um filme do Woody Allen, ainda que não seja uma obra de saltar os olhos, ainda é um grande filme com a qualidade da filmografia do diretor. O filme chega aos cinemas brasileiros em 19 de setembro.

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