seg, 18 novembro 2024

Crítica | Guardiões da Galáxia: Volume 3

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É curioso de se imaginar que fazem quase dez anos que fomos introduzidos para os Guardiões da Galáxia no MCU. Inicialmente considerado uma aposta de grande risco e talvez um desperdício de dinheiro, apresentando personagens do escalão C da Marvel como o novo grupo de heróis desse universo tão vasto. Mas felizmente foi um grande sucesso e considerado por muitos, um dos melhores trabalhos do estúdio, ganhando assim seu volume 2, e após inúmeras confusões e contratempos, desde polêmicas, demissões e  até a pandemia, temos o encerramento da trilogia de James Gunn.

O nosso amado grupo de desajustados está bastante diferente nos dias de hoje. Peter Quill, que ainda está a recuperar da perda de Gamora, tem que reunir a sua equipa para defender o universo e proteger um dos seus. Uma missão que, se não for concluída com sucesso, pode levar ao fim dos Guardiões como os conhecemos.

Inicialmente é possível considerar Guardiões da Galáxia Volume 3 como uma mistura entre os dois primeiros longas, tanto nos acertos quanto nos erros. É uma obra que traz um lado emocional muito bom, afinal de contas estamos falando da provável última aparição junta desse grupo, tanto dos personagens quanto dos próprios atores, alguns já declarando ser seu último trabalho no universo MCU. O filme estabelece desde sua introdução o tom emocional que pretende passar, especialmente o foco com o personagem Rocket, onde acompanharemos por meio de Flashbacks toda sua história de origem, desde suas modificações no laboratório e as primeiras amizades envolvendo outros bichos modificados, até seu passado trágico que o tornou quem ele é. Esse lado envolvendo a história do Rocket é o ponto alto do longa, é incrível de se imaginar que a figura mais emocional e carismática aqui seja um personagem feito por CGI, com a feliz interpretação de Bradley Cooper, tornando o foco principal na narrativa, uma figura tão querida desde o primeiro filme funciona como principal destaque nesse terceiro longa. Suas marcas de experimento que antes eram apenas menções e dúvidas nos filmes anteriores, finalmente ganha seu devido destaque para a história abordada.

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Além dessa narrativa, temos o drama envolvendo Peter Quill, o Senhor da Estrelas. Após sua Gamora ter morrido em Guerra Infinita, o personagem de vê perdido e em depressão por conta da perda, e sabendo da existência de outra Gamora, porém de uma realidade alternativa, Peter tenta assumir alguma esperança de “recupera-la”. É fato que logo em seu início temos um deslumbre de um problema de alcoolismo envolvendo o personagem, algo que James Gunn comentou que iria abordar, porém esse problema é apenas mostrado em seu início, por conta de inúmeros acontecimentos e o destaque principal sendo para o Rocket, essa subtrama do Quill acaba que deixada de lado. Temos obviamente o desenvolvimento dessa relação entre Peter e Gamora, mas acaba que sendo algo feito no automático mesmo, não tento um devido impacto para a trama em si, ao menos não como a história do guaxinim. O melodrama envolvendo o passado e presente desse personagem é ótimo, uma combinação rica entre construção de cena, música e o impacto que pretende passar com seu telespectador.

Marvel / Divulgação

Esse talvez seja um dos problemas mais evidentes do filme, ele buscar abordar diversos assuntos ao longo de sua história. Pois temos aqui, o drama de cada guardião, alguns com mais destaque, outros nem tanto. Temos a história envolvendo o vilão principal, o Alto Evolucionário, responsável pela criação o Rocket, que apresenta um bom começo e possui um visual agradável, misturando elementos parecidos com Robocop(inclusive citado por Quill), mas no geral ele perde sua ameaça previamente estabelecida e permanece com um vilão mimado e com chiliques de crueldade até o final. Temos além disso, uma subtrama ligada ao vilão principal, envolvendo o Adam Warlock, citado no longa anterior, e que claramente está deslocado na história aqui, e que no geral não faria diferença para o desenvolvimento da história em si. No geral, a maioria dos atores estão bem, temos aquele problema de muitos personagens na trama, mas James Gunn consegue disfarçar com detalhes narrativos entre eles, e também pelos aspectos cômico e no sentido da construção da ação, utilizando as habilidades e características únicas de cada um.

É um longa de excessos e com uma duração questionável, onde basicamente se trata de um filme-missão, onde os personagens precisam ir do ponto A para o B e assim por diante. Mas mesmo com esses problemas evidentes, fica claro a postura e controle que o James Gunn consegue demonstrar aqui, e provavelmente o melhor diretor que consegue misturar sua visão com a famosa “formula Marvel”. Talvez muito por conta do seu estilo de humor que acaba combinando com o apresentado. É um filme que comparado a outras produções da Marvel, consegue transitar bem entre os diferentes gêneros, seja drama, comédia, ação e até o terror. É uma personalidade muito bem vinda para esse universo, e que fazia muito tempo que não tínhamos, talvez desde Vingadores Ultimato. Um filme que acaba se sobressaindo no universo do MCU por conta dessa abstinência de qualidade que estávamos sentindo falta, mas obviamente não tirando os méritos da própria obra.

E é feliz a abordagem durante o filme, é uma história sobre os Guardiões, não existe esse furo, piscadela ou pensamento durante a trama coisas futuras do universo. Ele quer funcionar dentro dele mesmo, e no geral acaba felizmente trabalhando bem seus personagens. É nítido um cansaço e desgaste por conta desse elenco veterano do universo Marvel, alguns atores como Chris Pratt, Zoe Saldana e Dave Bautista realmente parecem esgotados desse tipo de produção ou menos do formato em si, mas felizmente acabam entregando um bom trabalho para sua despedida. É uma proposta de fechamento de ciclo que o filme quer passar aqui e no geral consegue, porém em certos momentos causa um sensação de covardia com algumas decisões, talvez por conta de uma mão maior envolvendo o estúdio, com certos pensamentos do futuro da franquia envolvendo os personagens.

No geral, Guardiões da Galáxia Volume 3 é uma despedida apropriada e satisfatória com esse grupo tão querido do universo de super heróis. Ele apresenta uma abordagem e melodrama bastante chamativos conforme vamos acompanhando sua história, e pode acabar tirando uma lágrima ou outra em seus momentos importantes. É um filme que funciona igualmente com seus antecessores e estabelece uma construção de trilogia com lógica, talvez a melhor do MCU. É a prova que se você der visão e ferramentas para o diretor trabalhar sua história, pode acabar saindo uma história com personalidade e com o dito começo, meio e fim. E mesmo que não passe a sensação de Adeus que o filme quer, é um bonito e agradável “até mais” com esses personagens tão carismáticos.

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