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    Crítica | Hachiko: Para Sempre

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    Histórias com cachorrinhos sempre são um tópico sensível para muitos, não é? Neste caso, ainda há uma sensibilidade ainda maior por se tratar de uma história bastante conhecida, principalmente no Oriente. A história do cachorro extremamente fiel Hachiko já foi representada em diversas artes.

    O filme de 1987 (‘Hachiko’) é bem popular no Japão, até por ter contado com figuras relevantes do cinema japonês como o ator Tatsuya Nakadai. Muitos devem conhecer a história de Hachiko pela adaptação estadunidense que foi um sucesso chamada ‘Para Sempre ao Seu Lado’, estrelada por Richard Gere, filme responsável por popularizar a história no Ocidente. Hachiko é uma história real japonesa, que conta inclusive com uma estátua em homenagem ao cachorro na estação de Shibuya, região especial de Tóquio. A história passou a ser referenciada em várias séries televisivas, animações, livros e jogos. Agora, foi a vez do jovem diretor chinês Ang Xu fazer outra adaptação da história na tela grande.

    Assim como na história real, mas com grandes diferenças, um professor, Chen Jingxiu (interpretado por Feng Xiaogang), acaba se encontrando com um cachorro por puro acaso. Sensibilizado pelo animal, o professor decide levá-lo para casa, mesmo com sua esposa, Li Jiazhen (interpretada por Joan Chen) não concordando. A rotina da família muda e começa uma história de muita paixão entre o dono e seu novo companheiro canino.

    É comum neste tipo de filme sempre puxar o espectador para uma experiência mais emocional, sobretudo usando a figura do cachorro ou do animal em questão da obra. Isso pode acabar sendo um grande acerto na obra ou pode prejudicar o filme. Dentro dessa lógica, filmes muito lembrados como ‘Marley e Eu’ (2008) são lembrados justamente por esses momentos mais emotivos. No caso de ‘Hachiko: Para Sempre’, há uma escolha muito clara no desenvolvimento em dividir a história em dois principais eixos: A família e a relação entre prof. Chen e Hachiko.

    Créditos: Paris Filmes/iQIYI

    O grande potencial da obra, contudo, só é atingido quando esses dois eixos se encontram, principalmente após o plot-twist pouco mais da metade do filme. Há o ápice da obra quando Hachiko está, como sempre, na estação de trem esperando pela volta de seu dono, que está bastante atrasado após ter acontecido algo grave. A aflição pela espera do dono resulta na filha do prof. Chen (interpretada por Huang Chutong) indo até a estação e abraçando o cachorrinho, como se já entendesse o que a demora de seu dono significasse. Essa cena é um belo exemplo de como a junção das duas principais abordagens do filme são o ponto alto da rodagem. Porém, não dura muito.

    Dentro da obra em si, a maior ausência sentida é uma trilha sonora mais apaixonada, mais tocante com o filme no todo. Na cena citada no parágrafo anterior, a trilha funciona mas justamente por essa junção dos eixos principais da história. No restante do filme, a trilha acaba transitando entre comédia, felicidade e até suspense em momentos específicos, e até funciona quando há a presença de Hachiko em cena, mas no restante da obra acaba seguindo só uma cartilha padrão desse tipo de filmagem. Grande destaque acaba ficando com a direção de arte, especialmente os figurinos e como eles vão contando a história da família no decorrer da história junto com as atuações. Prof. Chen, por exemplo, é mostrado no começo como um homem mais frio, não sorria tanto dentro de casa, sempre vestido com uma roupa toda preta ou escura. Depois de se encontrar com Hachiko, suas roupas vão ficando mais claras no decorrer do filme, junto com seu sorriso aparecendo. Em determinado ponto, quando prof. Chen está dando banho em Hachiko, uma personagem exclama para Li: “Nunca vi seu marido tão alegre”.

    A relação entre Chen e Hachiko é o lado mais bem trabalhado e que causa mais sentimentos no espectador. Logo após resgatar Hachiko, prof. Chen não tem outra opção se não levá-lo ao seu local de trabalho, a universidade. Vemos Hachiko “escondido” na mochila do professor enquanto ele caminha para sua sala, já que ele tem uma reunião urgente. A montagem paralela entre Chen na reunião agoniado para ir embora e Hachiko escondido na sala é uma sequência cômica muito boa usando da relação deles, mostrando também a preocupação do professor com o animal que acabara de encontrar. Quando o filme passa para o eixo familiar, acaba perdendo grande parte da sua força, restando apenas algumas boas linhas de diálogo, como o prof. Chen justificando seu amor pelo pequeno Hachiko com “Apenas quando vivemos para as coisas que gostamos, podemos chamar isso de vida.” Essa parte que chamo do eixo familiar da história funciona apenas quando há o envolvimento de Hachiko, como na despedida do filho, que está indo morar em Beijing por causa de emprego, e vemos Hachiko correndo paralelo ao trem, como se se despedisse dele. Todas essas cenas com Hachiko vão juntando um sentimento no público que, no clímax, não acaba sendo totalmente recompensado, se sustentando apenas em uma cena ou outra.

    Sendo inevitável a comparação com as versões japonesa e estadunidense da mesma história, o grande mérito da nova versão é atualizar a história, já que ela se passa mais próximo dos dias atuais e também com as características chinesas. Ainda que alguns elementos não tenham a mesma força como nas outras versões, como a trilha sonora, ainda acaba sendo uma boa opção de entretenimento para quem é apaixonado por histórias que envolvem a relação entre humanos e animais.

    ‘Hachiko: Para Sempre’ é uma boa opção de entretenimento, especialmente para quem se sensibiliza com histórias desse tipo. Ainda que inferior às outras versões cinematográficas da história, possui bons momentos de diversão, comédia e emoção. O filme chega nos cinemas brasileiros em 22 de agosto.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
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