ter, 5 novembro 2024

Crítica | Homens Brancos Não Sabem Enterrar (2023)

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Kamal Allen (Sinqua Walls) e Jeremy Crandall (Jack Harlow) tinham um futuro promissor como jogadores de basquete profissionais que nunca se concretizou. Quando adultos, Kamal trabalha como entregador e é casado com Imani, mãe de seu filho pequeno. Por sua vez, Jeremy está desempregado mas ganha a vida vendendo sucos detox para financiar seu vício em analgésicos, por conta de uma lesão no joelho que o tirou da NBA. Os dois sofrem com a constante falta de dinheiro e a dificuldade em pagar as contas, razão pela qual resolvem colocar de lado suas diferenças para competir em um torneio de dupla que promete um prêmio de 25 mil dólares para os vencedores.

Os dois protagonistas são reduzidos a arquétipos e não tem qualquer profundidade, aquilo que é apresentado nos primeiros minutos é o máximo que esses personagens têm a oferecer. Até existe uma tentativa de desenvolver a história de Allen, revelando aos poucos detalhes de seu passado e o ressentimento por ter desapontado o pai, mas o roteiro apenas arranha a superfície dessas questões. Ainda pior é o tratamento dado para as coadjuvantes, Imani e Tatiana – namorada de Jeremy, as duas não tem personalidade própria e, apesar de serem as pessoas mais sensatas em tela, só aparecem para despejar sábios conselhos que serão prontamente ignorados. Quando elas demonstram algum interesse próprio e só para mostrar o quanto os protagonistas precisam ganhar dinheiro urgente e financiar o sonho de seus interesses amorosos. Isso sem contar dos amigos de Allen, os quais supostamente seriam os alívios cômicos, no entanto só aparecem para sugerir roubar ou cortar os freios do carro de alguém.

Se o longa não lida bem com os dramas propostos, tampouco acerta na comédia, a cada dez tentativas de piada é possível que uma consiga extrair um risinho interno do espectador. Até mesmo as provocações são fracas e sem inspiração. Como filme esportivo também não funciona, as partidas não têm urgência ou emoção por serem extremamente previsíveis, assim que a cena começa a gente já sabe quem vai sair vencedor. Além disso, não existe sequer o esforço de filmar os jogos de maneira inventiva, os takes são os mais genéricos e poderiam ter saído de um comercial de bola de basquete, alguém joga a bola, corta, cesta, outra pessoa joga, corta, bola não entra, repete. A questão racial é mal explorada e as vezes parece que a narrativa tem medo de ser “política demais”.

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Se por um lado, não acerta em nada, por outro, não tem erros gravíssimos e o ritmo é aceitável, fazendo com que a experiência não seja memorável, mas também não seja cansativa. Por bem ou por mal, quem decidir dar uma chance para esse projeto vai esquece-lo antes do final do dia.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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