Em How To Have Sex já fica claro essa abordagem mais livre em relação com suas protagonistas femininas. Elas tem dois objetivos: festas intermináveis e ajudar sua amiga Tara á finalmente perder a virgindade. É uma leitura bastante conhecida para este tipo de filme, porém geralmente usando protagonistas masculinos, a diretora opta por desconstruir essa ideia de diversão ao lidar com este tipo de situação. É um cunho interessante se utilizar desse tipo de jornada para representar essa inserção na vida adulta, não só pela busca de quebrar essa barreira sexual, que é vista como passagem da adolescência para a vida adulta, mas outros dilemas envolvendo situações mais maduras e delicadas quanto essa passagem.
Três adolescentes britânicas vão de férias para um ritual de passagem. No que deveria ser o melhor verão de suas vidas, elas bebem, frequentam boates e fazem sexo. Enquanto dançam pelas ruas ensolaradas de Mália, elas descobrem as complexidades do sexo, do consentimento e da autodescoberta.
E o filme se inicia de modo frenético, somos acompanhados de muita curtição, exageros, gritos, música alta e bebedeira. Tudo isso para representar essa busca incessante dessas jovens nas férias de verão perfeita. O filme até exagera um pouco no tempo de tela desses momentos. Mas após isso, somos aos poucos inseridos na intimidade de nossa protagonista Tara, ela possui algumas escolhas para completar seu objetivo. Enquanto por um lado tem o jovem Badger, com o apelido de Texugo, um rapaz bobo, um pouco exagerado, porém por incrível que pareça um dos mais doces do grupo, representando uma química boa com Tara, e oferecendo um leve resquício de confiança para a mesma. Por um outro temos Paddy, que em relação ao discurso do filme encaixa perfeitamente, é um jovem inconsequente e que cabe nessa infelicidade que é pessoas sem qualquer consentimento ou ideia dos perigos ao passar dos limites, principalmente em relação ao sexo. Ele é essa ideia do absurdo, do sem limites, e que infelizmente é comum em qualquer tipo de lugar/idade.
E How To Have Sex trabalhe bem essa passagem desde o acontecimento com Tara. Desde a direção da diretora, que fica cada vez mais íntima e fechada nos olhares perdidos, tristes e desesperados da protagonista, que não faz ideia do que fazer ou falar, essa conclusão de objetivos totalmente contrários do que eles esperava. Destaque para Mia McKenna- Bru, que perfeitamente traz uma sensação de após o acontecimento, sua alma saiu do corpo, de que ficou sem vida. Em uma cena simples, entre ela e o texugo, onde apenas com o olhar ela consegue deixar claro o que tinha acontecido na noite passada, e que infelizmente Badger não toma qualquer atitude, até mesmo revelando de sua amizade duradora com Paddy, uma barreira para sua falta de ação. É uma obra sensível e interessante, felizmente feita com um olhar feminino que inevitavelmente vai impactar mais o público feminino, não só pela identificação, mas o modo como é encenado e duramente realístico.