ter, 7 maio 2024

Crítica | Ijó Dudu – Memórias da Dança Negra na Bahia

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Escrito e dirigido por Zebrinha, Ijó Dudu – Memórias da Dança Negra na Bahia é um documentário construído a partir da memória viva e da denúncia poética, contada através das vivências e saberes de Mestres e Mestras pioneiros da dança Negra baiana, onde duas gerações de mulheres e homens negros fizeram de seus corpos ferramentas principais de afirmação política e pessoal.

Exibido na Mostra Competitiva de Longas-Metragens do CinePE 2023, o documentário Ijó Dudu, Memórias da Dança Negra na Bahia é um filme desenvolvido a partir da memória viva, da luta pela visibilidade e do constante combate ao racismo. Com depoimentos, histórias e vivências de grandes Mestres e Mestras da dança negra baiana, além de raras imagens de arquivo que são bem distribuídas no longa, a produção desperta no público sensações que variam entre a curiosidade por saber mais da extensa e absolutamente rica cultura afro-brasileira, a indignação por tamanha desigualdade enfrentada por artistas dentro do próprio Estado e no país, além de uma inegável emoção quando nos deparamos com falas verdadeiras de pessoas que lutaram para conquistar seus objetivos, superando obstáculos diversos que impediam o avanço de suas respectivas jornadas.

Marcado pela estreia de José Carlos de Arandiba “Zebrinha”, um dos nomes mais populares da dança baiana,como diretor, Ijó Dudu, Memórias da Dança Negra na Bahia utiliza a narrativa tradicional de um longa-metragem documentário para atribuir ainda mais eloquência aos poderosos questionamentos dentro do tema principal, que se expande a ponto de transformar o texto, também assinado por Zebrinha em parceria com Susan Kalik, numa denúncia ou um protesto contra a descriminação e a falta de divulgação nacional dos grupos artísticos, ousando em transformar um documentário, até então saudosista, que homenageava as raízes da dança negra baiana, em uma obra política, mas com todas as suas razões expostas para essa mudança.

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Imagem: Brasil.Doc/Reprodução

O tal desvio de foco visível ao longo da projeção, que acaba por atribuir informação em excesso em um documentário de somente 1 hora e 28 minutos, acaba por tirar o foco das performances de dança, ou até mesmo detalhes técnicos sobre a arte. Há belas sequencias que mostram os profissionais em ação, dirigidas em planos sequência, que poderia ter em mais abundância no documentário.

As homenagens aos Mestres que já partiram, como Augusto Omolú, Raimundo Bispo dos Santos (Mestre King) e Raimundo Senzala são presentes e emocionantes, principalmente ao Mestre King, que é uma das figuras mais importantes da cena. Ijó Dudu – Memórias da Dança Negra na Bahia também conta com poderosos depoimentos de Altair Amazonas e Silva (Amazonas), Clyde Morgan, Edeise Gomes, Edileuza Santos, Elísio Pitta, Eurico de Jesus, Eusébio Lobo, Inaicyra Falcão, Ivete Ramos, Jorge Silva, Lindete Souza, Luiz Bokanha, Luiza Meireles, Macalé, Nadir Nóbrega, Nildinha Fonsêca, Reginaldo Daniel Flores (Conga), Renivaldo Nascimento (Flexinha) e Vânia Oliveira.

Emocionante, reflexivo e bem informativo, Ijó Dudu, Memórias da Dança Negra na Bahia é um belo material didático não só para compreender a importância e significado cultural e histórico da arte, mas também para combater o racismo.

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