seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Ilusões Perdidas

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Honoré de Balzac foi um lendário e prolífico escritor francês que a partir do conjunto de sua obra, conhecido como A Comédia Humana, buscou retratar o momento de ascensão burguesa pelo qual a França passou após a queda de Napoleão. Adaptado de um dos principais romances dentro da obra de Balzac chega, agora, Ilusões Perdidas, grande vencedor do prêmio César (principal premiação do cinema francês). O filme retrata a trágica história de Lucien de Rubempré, poeta provinciano que se vê seduzido pelas oportunidades em Paris após se sentir traído pela nobreza ao chegar na cidade.

   O filme de Xavier Giannoli foca na temática de antagonismo entre liberais e monarquistas que é personificada pela figura de Lucien. O poeta sai de Angoulême, onde se sentia uma figura excepcional apesar de incompreendida e parte para a capital supondo que lá haveria uma classe de pessoas que valorizaria sua arte. A triste verdade porém é que tudo que encontra são nobres e burgueses interessados em faturar ou manter regalias e uma vez que este cenário é estabelecido Lucien embarca em uma aventura de altos e baixos pelas ruas da cidade, entendendo especialmente os sistemas envolvendo a imprensa e como a informação era tratada por quem a veiculava.

   É uma produção que possui uma temática riquíssima porém que perde muito graças a um senso de apatia que permeia o filme. Coisas trágicas acontecem mas pouco é sentido, talvez os envolvidos na produção acreditassem demais no poder do texto a um ponto em que buscaram explorar pouco da linguagem para a qual estavam o adaptando. Existem lapsos de inventividade na direção mas que são pouco expressivos em proporção às quase duas horas e meia de duração do filme.

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   Não existem grandes destaques na atuação, Benjamin Voisin dá vida ao protagonista com uma atuação contida, o personagem transita entre várias situações dramáticas mas não deixa grande impressão. Talvez a atuação que melhor tenha funcionado foi a de Xavier Dolan como Nathan D’Anastazio pois mesmo o personagem não tendo tanto tempo de tela é um dos que melhor transmite uma angústia interna e coloca o espectador em posição de incerteza sobre suas intenções. 

Ilusões Perdidas é um filme sobre o jogo de interesses que ditava os rumos da sociedade francesa mas que entrega um produto desinteressante a partir do tema. Seu êxito em premiações no seu país de origem podem refletir um maior interesse na obra de Balzac mas no que diz respeito à obra cinematográfica existe muito a se pensar sobre como uma adaptação pode impactar a partir dos elementos que são únicos dessa linguagem que está sendo explorada.

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Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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