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Início Cinema Crítica | Inexplicável

    Crítica | Inexplicável

    Créditos: Clube Filmes/Cinecolor
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    Em um grande final de ano para o cinema brasileiro, mais uma produção nacional ocupando as telonas é sempre bem-vinda! Em mais uma produção da Clube Filmes, Fabrício Bittar é o diretor do projeto que promete emocionar o público neste mês de dezembro. Conhecido por dirigir filmes como ‘Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro’ (2018) e ‘Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola’ (2017), Bittar também assina o roteiro junto com Andrea Yagui para esse projeto que é uma adaptação do livro ‘O Menino que Queria Jogar Futebol’, escrito pelo jornalista e escritor Phelipe Caldas, que é baseado na história real.

    Começando a ter dores de cabeça recorrentes, o pequeno Gabriel (interpretado por Miguel Venerabile) é diagnosticado com uma doença grave. Os seus pais, Marcus (Interpretado por Eriberto Leão) e Yanna (interpretada por Letícia Spiller) entram em uma jornada com muitas dúvidas, esperança e fé.

    Quando se trata de uma história que envolve uma situação delicada e que vai se passar ao redor de um grupo de pessoas (neste caso, a família) aprendendo a lidar e superar aquela situação, é comum o apelo básico ao sentimentalismo por parte do filme. Uma “estratégia básica” para esse estilo de narrativa. E, veja, não há problema nesse apelo emocional, assim como não há nenhuma regra na arte, mas sim em como esse recurso vai ser usado dentro daquela obra para criar uma unidade estilística própria. A história em si, a superação do jovem Gabriel, é muito emocionante, mas o filme, a visão do diretor, transmite isso? Em ‘Inexplicável’, essa visão fica aprisionada a clássicos clichês de filmes deste estilo e uma tentativa mais que frustrada de apenas levantar a fé e a questão religiosa como figuras-chave na história. O problema não é o uso da fé em si, mas em usá-la apenas como artifício para usar um discurso que, de tão exagerado, soa como proselitista. As analogias entre um jogo de futebol e a situação enfrentada no hospital geram mais efeito do que qualquer citação sobre fé na obra.

    Créditos: Clube Filmes/Cinecolor

    Apesar do elenco ter atuações ótimas, com Eriberto Leão sendo espetacular, o resto do filme não engrandece e nem cria uma estrutura digna tanto para que o lado emotivo da história cause impacto no espectador quanto para elevar toda a discussão feita sobre superação e milagres. Ao invés disso, prefere apostar apenas em uma estrutura narrativa repetida várias vezes no audiovisual buscando uma conexão com o brasileiro, principalmente nos discursos sobre fé e milagre. Elementos da linguagem cinematográfica são usados de uma forma bastante vazia, como o uso da montagem paralela sendo utilizado em momentos péssimos e sem desenvolver nenhuma conexão (sendo esta um grande aliado para todo tipo de produção com um teor mais emocional) e também como a trilha sonora e musical, que deixa muito a desejar e não consegue alcançar uma qualidade que gere interesse até nas cenas mais tensas, deixando tudo dependente das atuações. Além de investidas como o uso da câmera lenta e uma decupagem com foco nos diálogos que alimentam ainda mais esse vazio da linguagem e assimilando a obra como apenas mais um vídeo motivacional que podemos achar no Youtube.

    Mesmo com a atuação impecável de Eriberto Leão, ‘Inexplicável’ não consegue propor uma ideia única e forte para uma história que merecia ser muito mais impactante. Com um discurso focado na fé, o filme não estabelece uma base sólida na sua linguagem para que realmente apoie as atuações, sendo apenas uma narrativa vazia para uma história emocionante.

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