seg, 21 abril 2025

Crítica | Interestelar

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O que torna Interestelar um filme grandioso? Quais são os argumentos de seus defensores apaixonados e daqueles que o criticam com veemência? Christopher Nolan é um diretor que sempre garantiu não apenas ótimas bilheteiras, mas também uma considerável aclamação por parte da crítica. Embora muitos fãs defendam a ideia de que “a crítica não entende nada”, é justamente ela a principal responsável por levar os filme ao centro das atenções nas premiações — sem ela, por exemplo, Oppenheimer não teria conquistado tanto reconhecimento no Oscar.

Interestelar talvez seja o filme mais famoso de Nolan, e muitos o consideram o melhor de sua carreira. Pessoalmente, não concordo com essa afirmação (o filme sobre o criador da bomba atômica, por exemplo, me parece mais sólido), mas não há dúvida de que é aquele que melhor encapsula as virtudes e os excessos do diretor. Ambientado em um futuro próximo, quando a Terra se encontra à beira da extinção devido a desastres ambientais, o filme acompanha Cooper (Matthew McConaughey), um ex-piloto da NASA, que é recrutado para uma missão com a tarefa de encontrar um novo planeta habitável para a humanidade. Ele e sua equipe enfrentam dilemas existenciais, leis da física, além de lidarem com as complexas noções de tempo e espaço, enquanto enfrentam também as relações familiares e a luta pela sobrevivência da espécie humana.

Pela própria sinopse, é evidente que o projeto busca explorar uma vasta gama de ideias e possibilidades. Essa ambição por tratar de tantos temas simultaneamente acaba sendo, ao mesmo tempo, a maior força e a maior fraqueza do filme. Ou seja, enquanto o diretor consegue construir, em cima dessas teorias, imagens que superdimensionam o tamanho da tela – o filme em IMAX, que está em exibição especial em comemoração aos 10 anos do lançamento, é uma experiência marcante – muitas vezes o filme tem na “supercomplicada” explicação uma pretensão que ora soa didática e explicativa ora parece impedir que o fluxo de imagens falem por si só.

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Tomemos como exemplo o clímax do filme: enquanto Cooper atravessa o buraco negro, em direção ao desconhecido, tudo precisa ser explicado. Se o outro lado contém o desconhecido, então por que não deixar que sejamos apenas testemunhas desse feito? Com a vibração do som na sala, a tela ocupada pela poeira e pelas cores, por que não permitir que tenhamos um instante de observação e vivência? Eis então o ponto que o filme tem como se calcanhar de Aquiles: se deseja falar de amor e sentimento, mas ao mesmo tempo a racionalidade toma conta de toda e qualquer decisão. Por causa disso, aliás, para que provoque a emoção desejada, aposta-se muito na trilha onipresente de Hans Zimmer – talvez a mais marcante do novo século – para que o melodrama familiar chegue a seu ápice.

Logo, a trilha, a visualidade, a ideia de novos mundos sendo explorados preenchem o filme com uma sensação de vastidão e uma busca incessante por respostas que ultrapassam os limites da ciência e da existência humana. Nolan sabe bem como explorar cada um desses detalhes, com sua constante obsessão pelo realismo em tudo o que for possível. Pode-se (e deve-se) questionar o desejo pelo real a todo custo – e como isso implica numa diminuição da fantasia, das cores e da aposta nas imagens – mas é inegável que este, talvez, seja um dos filmes mais influentes da cultura pop contemporânea, inspirando não apenas outras ficções-científicas que vieram depois, como também uma série de produtos audiovisuais que encontram no Nolan uma ideia.

Embora Interestelar seja, sem dúvida, um espetáculo cinematográfico, seu desejo de deglutir a todo instante o que os personagens estão fazendo o colocam numa posição de mais racionalidade que de emoção – algo que a personagem de Anne Hathaway faz questão de sublinhar algumas vezes durante a metragem. O filme revela de forma inegável o talento de Christopher Nolan, mas também expõe os excessos de sua ambição, que, em alguns momentos, podem tornar a experiência mais sobrecarregada do que envolvente para algumas audiências.

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