A ideia de desconstruir o gênero de super-herói não é de longe nova, as histórias de muitos personagens nos quadrinhos sofrem reinvenções frequentemente desde suas criações. No entanto, existem criações que sua própria existência é baseada na proposta de desconstruir o gênero e assim iniciar debates novos, esse é o caso de Invencível, série de animação da Prime Video que concluiu a primeira metade da segunda temporada recentemente.
A segunda temporada de Invencível se inicia a passos tímidos, não trazendo muita ação por parte da trama que fechou seu primeiro ano. No lugar disso, a animação se mostra muito mais interessada em explorar as consequências mais íntimas da season finale da primeira temporada. Muito do que é explorado são as dores de cada personagem como um estresse pós-traumático da tragédia que vivenciaram.
Então invencível chega com uma ideia diferente de desconstrução, puxando para um lado mais humano e fugindo do cinismo de outras produções mais violentas envolvendo super-heróis. O destaque aqui não é a violência ou o embate de heróis contra vilões e sim as consequências pessoais de cada personagem, tendo que lidar com as dores mais marcantes de ser um herói e nem sempre poder salvar a todos, ou ser apenas um cidadão comum que sofreu por ser um ente próximo desses heróis.
Mesmo com esse ritmo, a ameaça viltrumita chega de maneira bruta e seca na trama, o que antes era um trunfo para o protagonista (sua resistência) agora é insignificante para os novos vilões. Deixando a série com um gancho que explora a trama de embates e finaliza uma primeira parte do arco do Invencível em lidar com sua linhagem viltrumita.
No fim, a primeira metade da segunda temporada de Invencível se inicia com passos lentos, mas não de uma forma negativa, a beleza nessa série é o quanto ela se permite respirar os seus personagens fora do padrão formulaico de quadrinhos. Tornando os 4 episódios lançados contemplativos mas também emocionantes.