qua, 18 dezembro 2024

Crítica | Irmãos de Honra (2022)

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Infelizmente ainda é muito comum em Hollywood ter esse discurso de aprendizado, um personagem branco recebe constantes lições e entende mais o ponto de vista do parceiro/amigo negro, de uma forma ou outra, o real protagonista da narrativa é Tom. “Em pleno 2022” é bizarro imaginar que existam ainda produções com esse tipo de discurso, totalmente ultrapassado, aquele famoso filme de guerra do “dia de ação de graças”, feriado muito respeitado nos EUA. Mesmo com a pegada “Green Book”, existem coisas boas em Irmãos de Honra para se observar, uma delas se chama Jonathan Majors.

Tom Hudner (Glen Powell) e Jesse Brown (Jonathan Majors) são dois pilotos de caça da elite da Marinha dos EUA que foram designados para a Guerra da Coreia. Nessa situação, eles precisam batalhar pela sobrevivência. Seus sacrifícios heroicos criam uma parceria para toda a vida, tornando-os famosos dentro das forças norte-americanas. Dentre todas as dificuldades, Jesse precisa constantemente batalhar contra o racismo sofrido.

É um filme muito bem intencionado, por bem ou por mal. Ele traz uma história extremamente importante, Jesse foi o primeiro piloto negro em combate pela marinha dos EUA, então é notável o prestígio que o longa traz para essa grande história esquecida entre tantos conflitos. Mas nessa escolha existe o discurso totalmente ultrapassado para lidar com esses eventos, o racismo existente na instituição militar é apenas passado em cenas totalmente genéricas e pra lá de infantis, desde coisas simples até briguinhas entre colegas preconceituosos. E toda essa escolha do diretor acaba que afetando o contexto da obra, a guerra da Coreia não existe quase nenhum pano de fundo para o telespectador entender melhor as motivações das missões, etc.

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A história procura mostrar esse “protagonista” chamado Tom evoluir sua pessoa, não que ele seja um racista ou algo do tipo, mas sua visão é limitada sobre todo o contexto que o personagem do Jonathan Majors passa, muito em conta da criação e ambiente em que morou. Sim, isso era algo comum de se acontecer, pessoas aprendendo e vendo a importância da luta antirracista, mas novamente, é um discurso ultrapassado e já previamente contado em outras história ao longo do cinema. As dores ocorridas com Jesse servem de motivação para o personagem Tom, não existe de fato um argumento simbólico para representar essa luta.

Essa abordagem revela um filme frustrante e ultrapassado, mas não é de todo um mal. A presença de Jonathan Majors faz valer o entretenimento do longa. É prazeroso ver o crescimento do mesmo como ator em meio diversos projetos, e a prova disso é sua magnitude em tela, ele rouba a cena. Seja pelas atitudes, os olhares, a voz, é algo que homenageia a figura original do soldado, mas também traz seu próprio arquétipo do personagem. Mesmo que o roteiro não o ajude nisso, o ator consegue desviar de diversas escolhas duvidosas já citadas antes, ele traz o protagonismo para ele.

Uma semelhança curiosa e inevitável é com Top Gun Maverick, sucesso absoluto de 2022. É uma tendência de Hollywood em trazer produções com pegadas parecidas e tentar embarcar na onda que o filme anterior conseguiu alcançar. Mesmo que não seja de todo o foco da obra, é quase impossível não comparar as cenas de aviação e combate com as de Top Gun, ainda mais com seu lançamento fresco com o  público. São paralelos de se acompanhar, desde algumas reações não naturais em meio ao combate até evidentes CGIs de tiros brotando na tela, no geral não atrapalham a experiência, mas comparando com produções mais ambiciosas e bem feitas, pode incomodar os mais exigentes.

Irmãos de Honra é o típico filme sessão da tarde, traz amizade, luta e companheirismo. No final das contas, existe a boa intenção, mas ela não fede nem cheira. É uma história que mesmo ignorando o fator crucial e olhando o lado do entretenimento, ela acaba esquecível. As suas longas 2h20 minutos acabam que mostrando as constantes repetições que o filme procura retratar nesse discurso antirracista totalmente feito no modelo de vítima, não empoderamento. São problemas antes visto em filmes como Histórias Cruzadas e Green Book, e novamente repetidos aqui, felizmente existem obras que consegue passar uma mensagem melhor e mais impactante do que o feito aqui.

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