Steven Spielberg nos presenteia com uma belíssima aventura, embrulhada em pura nostalgia. Disse após a sessão “Que filme do c@r@lh*!!!”. Sem delongas vamos a sinopse deste que promete ser um dos melhores (melhor até agora) filmes do ano!
Na trama baseada no livro de Ernest Cline, em 2044 a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego assolam a humanidade. Para fugir dessa apatia, as pessoas usam o OASIS – um mundo virtual que permite aos usuários serem o que quiserem e viver em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 80- para escapar da triste realidade que os cerca. Mas o falecimento do criador do jogo pode trazer aquele que encontrar um determinado Easter Egg escondido, em algum lugar desse imenso playground, uma enorme fortuna e controle total sobre o OASIS.
Spielberg (Pontes dos Espiões) nos oferece uma explosão de referências da cultura pop entrelaçadas numa experiência visual única alcançada pela magnífica fotografia de Janusz Kaminski (Resgate do Soldado Ryan) e uma trilha sonora escolhida sob medida. O filme é cativante do início ao fim e traz diversos apelos à nostalgia. Quem viu O Iluminado de Kubrick (1980)? Quem se recorda do carro de Speed Racer (1970)? Quem jogou ou joga Street Fighter? Quem conhece O Gigante de Ferro (1999)? O filme nós traz uma quantidade extraordinária de easter eggs (esses são alguns apenas). A cada nova descoberta o sorriso rasga o rosto do espectador atento.
O que poderia ser um problema para uns, para Spielberg é uma bença. Com um filme saturado de elementos, ele consegue equilibrar e jogar com eles a seu favor. Jogador Nº 1 traz referências em todos os níveis (musical, cinematográfico, literário…) e consegue ser um filme com história e não apenas um mar de referências sem sentido.
O objetivo da história é simples: entreter e divertir. Isso não quer dizer que o longa não tenha seus momentos de reflexão, temos sim. Podemos até traçar um paralelo do que é visto no filme com o mito da caverna de Platão, neste caso o jogador decide por optar pela realidade virtual, como a verdadeira realidade. Além de uma crítica à obsessão da nostalgia (irônico não?) e à necessidade da realidade virtual nas relações interpessoais. A culpa desse roteiro divertido (que sofreu algumas alterações, não tão legais) é do autor Ernest Cline, que assina o roteiro do longa junto com Zak Penn (Os Vingadores).
Os atores escolhidos fazem um belo trabalho, tanto no mundo real como na captura de movimentos do mundo virtual, destaque para Tye Sheridan (Joe) que encarna o herói Watts/Parzival nos dando um personagem com quem nos importamos desde os primeiros minutos. O destaque negativo fica por conta de Olivia Cooke (Bates Motel) que entrega uma Art3mis /Samantha sem motivação. Isso se deve a alterações do material original, essa mesma alteração prejudica as motivações do vilão Nolan Sorrento, interpretado por Ben Mendelsohn (Bloodline) que é simplório demais.
Outro “problema” do longa são algumas piadas mal encaixadas. Por exemplo, poucas vezes vemos os jogadores no OASIS “por fora”, vendo eles com sua roupa dando murros no ar, em alguns casos isto é usado para efeito humorístico e bem usado por sinal, mas há algumas sequências cuja tensão dramática é destruída por essas mesmas transições.
Os efeitos especiais são sublimes, com um CGI da melhor qualidade. A cena da corrida e a batalha final são de uma qualidade técnica fora do comum. Espero que receba uma indicação ao Oscar 2019.
Em resumo, Jogador Nº 1 é uma excelente pedida para este feriadão, um filme de aventura com a pureza e a excitação do melhor de Spielberg. Aos que puderem aconselho ainda a versão IMAX.