qua, 24 abril 2024

Crítica | Johnny vs Amber: O Último Julgamento

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O julgamento Johnny Depp vs Amber Heard foi um dos casos legais dos Estados Unidos que mais fizeram barulho midiático em 2022. O embate entre fãs desacreditados com o astro que viveu Jack Sparrow ser um abusador e os fãs de Amber Heard se apoiando no movimento Me Too ecoaram em vários cantos da internet. Esse holofote recebido no caso acaba criando um cenário de mal gosto contra a acusada Heard, um caso jurídico que deveria ser decidido pela lei virou refém da opinião pública que abertamente tentava defender abusadores. Com esse cenário, sendo “sequência” de um documentário produzido sobre o caso anterior dos dois atores, mais uma produção buscando embarcar na onda midiática deste julgamento aparece, Johnny vs Amber: O Último Julgamento. 

O documentário foca em buscar a visão dos dois lados, contando a “verdadeira história” por trás dos julgamentos. Tal afirmação no início do primeiro episódio torna difícil para o espectador não ter uma visão cínica sobre a produção. A batalha legal entre os dois teve a cobertura jornalística com um número impressionante de interações nas mídias sociais. Então a produção deixa de ser um assunto relevante para se tornar algo até mesmo de mal gosto. 

A série documental é dividida em dois episódios, apenas a equipe jurídica de Depp concordou em participar deste documentário, o que significa que a história de Heard é reunida por vários jornalistas e vozes aleatórias que presumidamente são qualificadas para a defesa. A primeira hora é focada em contar a história na visão de Johnny Depp, ou melhor, na visão de seus advogados. A protagonista da primeira parte é a advogada Camille Vasquez, que representa Depp. Vasquez se apresenta com um tom de uma pessoa orgulhosa de seu trabalho, levando em conta que Heard foi considerada responsável em todas as três questões de difamação levantadas por Depp e ganhou apenas uma de suas três reconvenções, não é difícil ver por que ficaram felizes em participar.

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Seguindo as salas de batalha do time legal de Depp, a montagem parece não ter noção das barbaridades que são ditas pela equipe, os questionamentos levantados pelo time de advogados são tratados como sacadas inteligentes mas não passam de tentativas desonestas de ataque à Heard. É possível ver todo um processo de humanização de dramatização da estratégia legal dos advogados que querem ser vistos como protagonistas vitoriosos contra uma “injustiça”.

No segundo episódio focamos agora no lado de Heard, o que se torna minimamente irônico já que o argumento principal dos defensores da atriz apontam como o time de Depp queriam transformar o caso em um espetáculo a ser assistido e debatido pelo público geral, apoiando todo o tipo de produção que aumente os holofotes do julgamento (irônico como só os advogados dele aceitaram participar, não?). Esta segunda hora acaba apostando em trazer os tabloides e análises de redes jornalísticas, porém é leve em informações factuais, como, por exemplo, a definição de “difamação” ou mesmo um rápido resumo do que aconteceu no Reino Unido. 

Johnny vs Amber não vem ao mundo trazendo a estrutura “eu disse, ela disse” com o objetivo de descobrir o que realmente aconteceu, mas para se enrolar na contradição de sua existência como produção e provar o argumento contra os holofotes que foram jogados a um caso jurídico. A série no fim fornece informações suficientes para chegar à conclusão que você provavelmente já alcançou companhando o caso na época.

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