sex, 19 abril 2024

Crítica | King Richard: Criando Campeãs

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Ao término de King Richard: Criando Campeãs, fica evidente que o diretor Reinaldo Marcus Green permite uma conclusão muito clara: seu real interesse em domesticar o espectador num ambiente familiar delineado por discursos esperançosos e sentimento de pertencimento. Revela não só sua aspiração em fragmentar essa história em suas batidas “quero oscar”, mas também em fazer dessa inclinação a unidade central que move todo o corpo emotivo da narrativa. Nesse sentido, é na ingenuidade e no pacifismo que o filme encontra sustentáculo, tanto para sua dialética quanto para seu conforto.

KING RICHARD, from left: Will Smith as Richard Williams, Aunjanue Ellis as Brandi Williams, 2021. © Warner Bros. / courtesy Everett Collection

Na trama, baseada em uma história real, Richard Williams (Will Smith), ao lado de sua esposa Oracene Williams (Aunjanue Ellis), desenvolvem um ambiente familiar acolhedor e um método de treinamento adequado para que Venus (Sanyya Sidney) e Serena (Demi Singleton), duas de suas filhas, ganhem evidência e preparo técnico completo para competir em torneios de tênis de alto nível.

A caracterização familiar mais derivativa da obra de Marcus Green – a Kombi que leva Richard e toda sua família, as lições de humildade a partir da exibição de Cinderela – gera excelentes momentos dramáticos, que extraem um real sentimento de encanto atuação de Will Smith e transmitem uma forte sensação de intimidade com o espaço.  Por outro lado, essa mesma caracterização acaba deixando o filme conformado com muito pouco. Afirmar a competência técnicas das biografadas e permear a obra de doçura definitivamente não segura 2h20min de duração.

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Dessa forma, King Richard perde carga dramática justamente no aspecto que se mostrava inicialmente como fator motor da narrativa: a florescência técnica e visibilidade graduais das jogadoras. Se o fato do filme centralizar toda sua atenção nas reações e sentimentos da personagem de Will Smith reserva-lhe um arco um pouco mais complexo – ainda que caricato -, por outro anula quase que por completo a potência dos personagens coadjuvantes. As presenças de Venus e Serena Williams, que são, por competência, as grandes estrelas representativas da cinebiografia, resumem-se a pouco mais de um sorriso aguado e uma birra acanhada para o próprio Richard. E é desse mesmo desprezo que sofre a personagem de Aunjanue, mãe e cotreinadora de Venus e Serena, que, apesar de obter considerável êxito expressivo com o pouco que possui em mãos, não se manifesta tanto além de um tapinha nas costas e um puxão de orelha no protagonista.

É inegável, logo, que subsiste força em muitas escolhas formais e narrativas de King Richard, em especial no primeiro ato. Há uma cena envolvendo violência direta e racismo que, embora não pareça ter propiciado qualquer impacto adiante na narrativa, é reveladora da sensibilidade de Marcus Green em sua noção de espaço e principalmente na sua capacidade de conduzir a tensão em cena de maneira fluida e bastante direta. Fica evidente que o filme não carece de possibilidades, porém desdenhar da presença dos essenciais coadjuvantes e jogar toda a carga dramática nas costas de Will Smith de fato não se faz suficiente por muito tempo.

Texto escrito por João Guerra (instagram: @joaoguerraal).

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