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    Crítica | Kingsman: A Origem

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    Os adiamentos causados pela pandemia de COVID-19 colocaram Kingsman: A Origem numa posição ingrata. Inicialmente programado para sair no início do ano de 2021, esta nova sequência não apenas sofre de sua própria irrelevância justificada pela tentativa de reavivar a série por um prequel, mas também da ironia do destino que fez ter seu lançamento para o início de 2022, logo após o surgimento do debate sobre o quanto enfadado o mercado de hollywood está. Não apenas sendo interrompido por filmes como Matrix Resurrections, Maligno, Cry Macho, Annette e Old, o novo filme é concebido sob a sombra de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e sua absoluta dominação das salas de cinema.

    Century Fox/ Divulgação

    Com isso, Kingsman é vítima de seu próprio mercado. Preso a sua necessidade de existir sem um motivo aparente, o novo filme é tão desalinhado como obra cinematográfica quanto deslocado. O resultado deste difícil cenário parece reafirmar aquilo que talvez será o tema em destaque daqui para frente e que fazem deste filme boi para piranhas. Sendo justo, talvez em outro momento ele seria mais agraciado, talvez numa volta aos cinemas depois de meses em quarentena o fariam bem, mas é de fato complicado não o relacionar dentro desse contexto, principalmente quando o mesmo se prova como produto para consumo imediato.

    Sendo assim, todas as tentativas de ser a mesma história, mas maquiada pela mudança histórica para a primeira Guerra Mundial, demonstra o retrocesso de Matthew Vaughn em se esforçar para propor algo novo. Perde até o sentido tentar repetir certas coisas (a introdução à instituição, a relação entre mentor e aprendiz) quando justamente exclui as ideias mais espalhafatosas que deram personalidade aos primeiros filmes. Tudo parece se levar muito a sério, não se permite abraçar o tom paródico de antes num processo de posicionamento político duvidoso e falsamente anti-aristocrático.

    Century Fox/ Divulgação

    A sensação é de querer ser mais incisivo dentro dos fatos históricos quando apela para certas relações feitas arbitrariamente com algumas figuras conhecidas. Tudo bem colocar eventos como a Revolução Russa dentro de ideias conspiratórias, mas questionar o sentido “pacifista” do personagem de Ralph Fiennes parece estar muito distante do propósito inicial. É total hipocrisia vender uma desconstrução imperialista no momento que assume a importância de manter a ordem natural das coisas. Faz críticas vazias e pouco funcionais, além de manter sob seu discurso uma curiosa mensagem sobre a soberania de certos países colonizadores.

    No campo mais prático, tece sua formação pela posição do seguro. Tirando o momento mais inspirado pela estranheza causada não pelo filme, mas pelo uso do Rasputin nas cenas, pouco sobra de algo mais inspirado ou que corrobora com esse novo longa. Pior foi o momento para lançar um filme tão sem graça assim. Mas olhando para uma perspectiva mais expansiva, pode ser que o peso dessa bagagem atice mais as noções do mercado. Pelo sim ou pelo não, está aí o melhor exemplo sobre o assunto.

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