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    Crítica | Kung Fu Panda 4

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    Quando estreou o primeiro filme protagonizado por Po, eu tinha ainda 5 anos. A minha infância teve Kung Fu Panda como um dos principais filmes, uma animação bem original e que marcou uma época na gigante DreamWorks, com tanto o primeiro como a continuação de 2011 passando dos $600 milhões de dólares de bilheteria. Ainda com o terceiro filme sendo lançado em 2016 e com números menores, mas ainda passando da casa dos $500 milhões de dólares e sendo aclamada como um “final perfeito” para a saga por vários fãs.

    Seis anos depois e com um orçamento bem inferior aos anteriores, Kung Fu Panda 4 segue o caminho que tem sido recorrente em Hollywood para sagas extremamente populares: um novo filme com foco no protagonista e em um(a) “aprendiz”. Neste caso, seguimos Po (na voz de Jack Black) e Zhen (na voz da Awkwafina) nessa jornada de aprendizado sobre quem será o próximo dragão guerreiro, numa aventura que vai envolver a vilã Camaleoa (na voz de Viola Davis).

    É irônico que para um filme que faz tantas piadas com clichês, como o uso dos provérbios usados pelo antigo Mestre Oogway, acabar produzindo uma história recheada deles e bem previsível. O uso de clichês em si não é (e não deveria ser) um problema, apesar dessa ideia popular de que o uso de um clichê automaticamente é negativo. No entanto, neste caso, o uso desses elementos não é alinhado com nenhuma ideia própria ou mensagem do filme, sendo bem vagas dentro da obra.

    A dinâmica entre Po e Zhen não se distancia de outras sequências como Woody e Garfinho em Toy Story 4, apesar desta não ser tão maçante. Um dos principais pontos desse filme é ter abandonado o lado mais espiritual da história, representada principalmente pelo Mestre Oogway no primeiro filme e seguindo nos outros dois. Neste, fica uma questão em tom supérfluo, visto que o foco é no humor e em fazer essa transição de protagonistas dentro da saga de forma esquemática. 

    No sentido comercial, a ideia da DreamWorks e Universal pode dar muitos frutos, lançando um filme com orçamento baixo sobre uma história bem popular que com certeza teria retorno nas bilheterias, e terá. Só na primeira semana, o filme já arrecadou $100 milhões de dólares mundialmente, mesmo não tendo estreado em mercados importantes como Brasil, China, França e Reino Unido. A preparação para o quinto filme e uma união dos personagens, usando um orçamento maior, é evidente até pelo final do filme.

    Voltando para a obra, existe uma clara diferença entre uma história ser dinâmica e imediatista. Ser dinâmico é ser eficiente, falar menos mas ainda mostrar o necessário, seja pelo visual ou áudio. Nos é jogado várias informações, inclusive sobre o passado da Zhen em formato de flashback. Esses dados não causam impacto, seja pela velocidade que o filme mostra ou pelo lugar na montagem do longa. O jeito bem imediato que o roteiro trata o desenvolvimento da Zhen acaba deixando de lado essa personagem, como se ela existisse neste filme apenas para um próximo filme e para ser a cara da franquia (no sentido comercial, é só isso mesmo).

    Por outro lado, o humor do filme é bem dinâmico e causa uma vibe boa, típica da saga do panda. A dinâmica entre Sr. Ping (na voz de James Hong) e Pai Panda (na voz de Bryan Cranston), especialmente quando os dois saem atrás de Po, é o ponto alto cômico do projeto.

    Outro ponto válido são as cenas de luta que possuem uma montagem bastante especializada, com uso de planos longos e efeitos como a divisão da tela sendo o ponto alto. Esses dois quesitos, o humor mais trabalhado e as cenas de luta, caminham juntos na passagem do 2° para o 3° ato, especialmente na batalha final, o ápice da experiência. 
    Tendo $85 milhões de dólares no orçamento comparado à uma média de $130-150 milhões dos três anteriores, Kung Fu Panda 4 parece existir apenas como meio mercadológico para o lançamento de mais filmes para a franquia, renovando o elenco e reunindo tanto os velhos como novos personagens para um gigante filme, apesar do longa prejudicar o desenvolvimento da próxima personagem estrela. Por outro lado, o filme segue com qualidades recorrentes dos outros filmes, mantendo ainda um bom nível de entretenimento.

    Divulgação: Dreamworks/Universal

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