dom, 16 março 2025

Crítica | Lee 

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Baseado em fatos reais, Lee é o drama de guerra que quase colocou Kate Winslet na corrida para o Oscar de melhor atriz. O filme conta a história de Lee Miller, uma modelo que trabalhou como fotógrafa de guerra durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora no papel a vida de Miller tenha sido fascinante, isso nem sempre se reflete no filme de Ellen Kuras. A diretora segue o padrão “cinebiografia-Wikepedia” e narra os eventos da vida da jornalista de forma monótona, sem conseguir transmitir toda a emoção em torno de sua jornada. Os sentimentos são textuais, mas não se traduzem em tela. Falta criatividade em como filmar aquilo que está sendo contado, como se acreditasse que basta uma boa história para render um bom filme.

Até mesmo momentos históricos icônicos acabam se tornando cenas desinteressantes, como a recriação da famosa fotografia na banheira de Hitler, que é retratada em uma passagem apressada, sem drama, sem tensão, sem fôlego suficiente para expressar o que aquilo significava naquele momento, servindo apenas para recriar um momento canônico. A linguagem cinematográfica não é pensada, é a mera reprodução de um fato histórico.

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Até a tentativa de plot twist no final é preguiçosa para tentar gerar algum tipo de surpresa. Mais uma prova que as emoções nesse filme são quase sempre algo que deveria funcionar na teoria, mas não funcionam na prática, por falta de criatividade da realizadora.   

   

É o personagem carismático de Andy Samberg, seu colega fotojornalista que a acompanha durante a guerra, quem traz um pouco de humanidade ao projeto. Ele funciona quase como um alívio cômico, mas com uma performance suficientemente controlada para não tirar o peso dos acontecimentos e é um dos maiores acertos do filme.

O restante do elenco superestrelado – que conta como nomes como Alexander Skarsgard, Marion Cotillard, Andrea Riseborough, Noémie Merlant e Josh O’Connor – também faz o que pode para tentar imprimir alguma verdade em um filme tão sem vida. E é impossível não destacar a performance de Kate Winslet que dá a vida à protagonista Lee Miller, ela está ótima como sempre, mas é mais uma vítima da câmera pouco inventiva da diretora.  

Entre altos e baixos, a diretora acaba não tendo sucesso ao tentar transmitir a emoção do papel para as telas e uma história com tanto potencial acaba se tornando mais uma cinebiografia inofensiva e sem graça. Não chega a ser um péssimo filme – já que não é marcante o suficiente nem para isso –, apenas esquecível.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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