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    Crítica | Levante

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    Após dirigir alguns curtas-metragem, Lillah Halla finalmente lançou seu primeiro longa que estreou no festival de Cannes do ano passado, angariando elogios da crítica especializada internacional. A despeito da boa recepção, o filme só chegou aos cinemas brasileiros quase um ano mais tarde.

    Levante conta a história de uma jovem jogadora de vôlei, Sofia, que após descobrir uma gravidez não intencional busca formas de conseguir realizar um aborto seguro, em um país em que essa opção não é oferecida legalmente. Sem recursos financeiros próprios e diante da negligência estatal e social, Sofia precisará contar com o apoio de suas colegas de equipe para lidar com preconceitos e inseguranças, além disso também necessitará do auxílio de seu pai, já que sua situação se agrava ainda mais pelo fato de ser menor idade.

    O filme toma um posicionamento certeiro por não perder tempo em torno de uma eventual indecisão da protagonista, desde o início Sofia sabe o que quer e só precisa encontrar meios que não representem um risco ainda maior para sua saúde. Ao mostra-la tão segura de sua decisão, o filme não coloca um peso moral em cima dessa escolha.

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    Outra abordagem inteligente é a forma como a cineasta retrata a diversidade da rede de apoio de Sofia, mostrando closes de corpos tão tipicamente marginalizados, não através de um olhar hipersexualizado, mas sim com a devida naturalidade. Não são bichos em um zoológico fetichista, apenas pessoas que existem todos os dias. Não sendo desrespeitoso com seu elenco, nem panfletário com seu público, o filme consegue focar toda energia na mensagem que quer passar, sem se tornar o tipo de projeto que se contenta em ser uma mera reprodução de temas socialmente relevantes. Pelo contrário, o que torna Levante um grande filme não é a história contada, mas sim a forma como ela é contada.

    A diretora escancara as adversidades enfrentadas por Sofia desde as microviolências até os ataques mais diretos e a falta de amparo estatal, ao mesmo tempo em que mostra como pessoas a sua volta tem um papel crucial em sua narrativa. Retratar suas aliadas não é uma forma de tirar o impacto do filme ou diluir o peso da dor suportada por Sofia, já que nada se resolve em um passe de mágica pelo poder do amor e da amizade. No entanto, é uma boa indicação para quem estar assistindo perceber que é possível fazer muito por aqueles ao nosso redor que precisam dessa força. Não obstante, ainda reforça que independente de quantos aliados nós tenhamos, viver em um país que nega direitos humanos básicos é uma batalha sem vitoriosos que deixa um rastro de mortos e feridos.

     A denúncia é ainda mais forte quando a protagonista percebe que se tivesse nascido alguns quilômetros mais para frente, após a fronteira com o Uruguai, sua situação seria muito mais facilmente resolvida. Seu tormento é injustificado diante de uma solução tão simples que lhe é negada por conta de noções ultrapassadas que não se sustentam cientificamente. Conciliando momentos de tensão – que as vezes flertam com elementos de terror – e passagens esperançosas, Levante mostra a força da união de pessoas marginalizadas para resistir aos abusos estatais e uma sociedade ainda extremamente conservadora.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
    Formada em direito e apaixonada por cinema
    critica-levante Após dirigir alguns curtas-metragem, Lillah Halla finalmente lançou seu primeiro longa que estreou no festival de Cannes do ano passado, angariando elogios da crítica especializada internacional. A despeito da boa recepção, o filme só chegou aos cinemas brasileiros quase um ano mais tarde. Levante conta...
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