qui, 26 dezembro 2024

Crítica | Lisa Frankenstein

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Lisa Frankenstein é um filme de terror americano, dirigido por Zelda Williams e escrito pela roteirista de Garota Infernal, que conta a história de Lisa, uma garota desajustada que está tentando sobreviver ao colegial e ao novo casamento de seu pai, quando, após uma tempestade, ela recebe uma companhia inesperada que irá ajudá-la a superar os desafios da adolescência de uma forma inusitada.

A despeito da premissa singela, o filme respira autenticidade e sabe brincar com seus clichês, transformando algo ordinário em extraordinário, justamente por abraçar essa simplicidade. A diretora não tenta reinventar a roda, e por vezes toma caminho tão óbvios que beiram a comicidade, que só funcionam graças a muita criatividade e uma mão bastante autoral.

Partindo de uma narrativa que mistura dramas cotidianos com eventos sobrenaturais, as realizadoras encontram o caminho aberto para explorar elementos do cinema camp, criando situações absurdas, com personagens deliciosamente caricatos, atuações over the top, diálogos ácidos e nonsenses e soluções mirabolantes que funcionam de forma orgânica, sem parecerem forçadas, nem desleixadas. Some-se a isso o fato da história se passar no final na década de 80, o que permite que o visual dos cenários, das roupas, dos cabelos e das maquiagens acompanhem o tom exagerado do filme, fazendo com que tudo se encaixe perfeitamente.

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Essa caprichosa reconstrução de época é pensada não só para emular um período, mas também para dar personalidade a esse microuniverso criado por Diablo Cody e materializado por Zelda Williams. Ou seja, não parece qualquer filme sobre os anos 80, mas sim os anos 80 de Lisa Frankenstein. Assim, é fácil imergir na história e se imaginar naquele lugar, conversando com aquelas personagens.

Além do terror, o filme também usa e abusa da comédia, com um senso de humor que mistura referências da cultura pop e pitadas de ironia. Inclusive, uma das cenas mais engraçadas do filme é uma piada extremamente óbvia que faz alusão à Rocky Horror Picture Show, mas que é inserida em um momento tão preciso que acaba funcionando muito bem. Vale dizer que a diretora não se escora nessas referências como um artifício preguiçoso, elas são apenas um adicional bem aproveitado em uma obra bem estruturada e funcionam como um bônus.

Com uma pegada gótica que busca reverenciar os monster movies, um senso de humor ácido e altas doses de camp, esse longa reúne vários elementos que o tornam uma joia do terror contemporâneo que vale a pena ser conhecida.  

Se por um lado a breguice proposital do filme pode acabar afastando parte do público e até da crítica especializada, é igualmente possível que seu charme canastrão seduza tantos outros. Durante seu período de exibição nos cinemas americanos, o filme teve um baixo desempenho de bilheteria, contudo conquistou uma pequena e leal legião de defensores que ficaram encantados com o charme do projeto. Só o tempo irá dizer, mas arrisco prever que Lisa Frankenstein tem potencial para se tornar um queridinho cult do cinema de horror.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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