qui, 25 abril 2024

Crítica | Lulli

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Aparentemente a Netflix elegeu a Larissa Manoela como sua queridinha e está tentando emplacar a jovem como atriz a todo custo. Mas a que custo? Se você acha caro demais gastar seu tempo vendo um filme clichê com a atuação fraca da atriz, então esse filme não é pra você. Mas se você quer um filminho bem estilo “água com açúcar” pra não pensar em nada, então aperte o play!

LULLI (L to R) PAULA POSSANI as PAOLA, AMANDA DE GODOI as VANESSA, VINICIUS AHNERT as RICARDO, VINICIUS REDD as DIEGO, YARA CHARRI as ELENA, LARISSA MANOELA as LULLI, in LULLI movie. Cr. NETFLIX © 2021

“Lulli” é mais uma obra de Thalita Rebouças, mestre em histórias sobre juventude e amadurecimento. Lulli (Larissa Manoela) é uma jovem e ambiciosa estudante de medicina que sonha em ser a melhor cirurgiã do mundo, não deixando nada nem ninguém a atrapalhar – nem mesmo o seu recém-ex-namorado. Mas o seu mundo vira de cabeça pra baixo quando ela é eletrocutada por um aparelho de ressonância eletromagnética e começa – ironicamente – a ouvir pensamentos alheios. Agora, a garota que até então era incapaz de ouvir as pessoas ao seu redor precisará aprender a ouvir. 

LULLI (L to R) LARISSA MANOELA as LULLI, AMANDA DE GODOI as VANESSA in LULLI movie. Cr. Suzanna Tierie/NETFLIX © 2021

É comum que a protagonista de filmes do gênero passem por certas dificuldades para amadurecerem. Acontece que Lulli é uma personagem irritante e a má interpretação de Larissa Manoela não ajuda em nada e nem traz carisma. Há outros filmes em que ela até conseguiu fazer uma boa atuação, mas não é o caso de Lulli. Não há nenhum motivo pra ela ser uma babaca no início do filme e nada no roteiro justifica sua personalidade arrogante, por isso fica difícil se identificar com ela. Enquanto vemos Lulli sendo egoísta e obsessiva, vemos que seus amigos e seu namorado possuem muitas camadas mas que, em toda sua arrogância, ela nem percebe. Claro que a ideia do roteiro é mostrar como esse tipo de comportamento é ruim para poder passar a “moral da história” no final, mas nada é impactante o suficiente para ser uma história crível. 

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LULLI (L to R) SERGIO MALHEIROS as JULIO, AMANDA DE GODOI as VANESSA in LULLI movie. Cr. NETFLIX © 2021

Tudo da protagonista é muito mais superficial do que os personagens coadjuvantes que tem histórias muito mais interessantes, porém menos exploradas. Inclusive há pontos que são dedos nas feridas da sociedade, como o medo de Julio (Sergio Malheiros) sair do armário por causa dos casos de homofobia dentro do esporte. Ou a exigência exagerada do pai de Diego (Vinicios Redd). Até mesmo a desconstrução da rivalidade feminina entre as duas colegas de faculdade são muito mais interessantes do que o arco dramático da protagonista. A única preocupação de Lulli é que Diego esteja se interessando por outra mulher e que não se lembre do quão babaca ela foi na noite anterior ao fatídico acidente. Para uma trama que se preocupa tanto com a diversidade e com questões sérias, toda a parte de Lulli é muito frívola. 

Tentaram fazer com que a amiga Vanessa (Amanda de Godoi) fosse o alívio cômico, mas muitas vezes Vanessa fomenta o lado ruim de Lulli. A amiga está presente nas situações mais engraçadas do filme e podemos ver que junto com Lulli, ela também tem o seu crescimento, o que é muito legal já que comédias românticas dificilmente se dão ao trabalho de fazer crescer a amiga “engraçada” da “mocinha”. O arco de Diego também é bem elaborado mostrando que, novamente, o problema é a Lulli.

LULLI (L to R) VINICIUS REDD as DIEGO, LARISSA MANOELA as LULLI, GUILHERME FONTES as CESAR in LULLI movie. Cr. NETFLIX © 2021

Esse pode ser só o olhar “amargurado” de uma crítica sobre a personagem. Ou este pode ser um excelente reflexo da juventude captado pela brilhante Thalita Rebouças que é especialista em compreender e externar os sentimentos complexos da adolescência / início da vida adulta. Eu realmente prefiro acreditar na segunda opção, que a personagem realmente está ali para causar um certo estranhamento no espectador. Para fazer o espectador se perguntar em algum momento “será que eu também sou assim?”

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Bruna Carvalhohttp://estacaonerd.com
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