Assombrado por um assassinato que não foi resolvido, o brilhante policial John Luther (Idris Elba) foge da prisão em busca de um serial killer (Andy Serkis).
É inegável o fato de Idris Elba ser um dos maiores nomes, não só do cinema no modo geral, como também só gênero ação, dos últimos anos. O astro britânico consegue tornar até mesmo a mais simplória das tramas em algo instigante, talvez devido ao seu ritmo único de atuação, que permite intensificar os conflitos que são sugeridos pelo texto de determinado longa, e acompanhar o estilo frenético, necessário para os longas dessa modalidade, com maestria. Em Luther: O Cair da Noite (Luther: The Fallen Sun), longa-metragem baseado na série “Luther”, exibida entre 2010 e 2019 e estrela por Elba, o ator repete essa dose.
Apesar de ter sido assinado pelo próprio roteirista da série, Neil Cross, é notável uma certa incapacidade do texto em entregar até mesmo um argumento mirabolante, com uma história que ostentasse boas reviravoltas, além de uma narrativa dinâmica, mas sem grandes novidades. É evidente que o forte em Luther: O Cair da Noite não é seu roteiro, mas sim como ele é passado em tela e, para isso, é preciso tirar o chapéu para o brilhante trabalho executado por Jamie Payne, nome já conhecido no seriado aqui adapado. Payne consegue conduzir e instigar o suspense apresentado pelo longa, além de favorecer a ameaça promovida pelo antagonista de Andy Serkis.
Em Luther: O Cair da Noite, o foco não é a ação, apesar do longa dispor de cenas bem construídas e filmadas, que prezam por efeitos visuais práticos e pelo realismo, como a grande sequência ambientada na Piccadilly Circus de Londres. A principal missão do longa é deixar o público espantado quanto ao fato de ser uma mentira o ditado de que a “internet é terra de ninguém”. Aqui, tanto o roteiro e a direção consegue extrair uma boa reflexão sobre a vida secreta que muitos indivíduos mantém na internet e os perigos que isso pode acarretar, mesmo que a escrita não tenha aprofundado essa discussão de maneira mais intensa, deixando para a direção atribuir o tom e o choque de realidade necessários, contando com altos recursos, como uma direção de fotografia que adota imagens com planos mais fechados e tonalidade de cor com saturação baixa, o que intensifica o suspense, além de uma trilha sonora com instrumentos metálicos graves.
Já destacamos o brilho de Idris Elba em cena, mas também não podermos deixar exaltar a grandeza de Andy Serkis em mais um vilão para o seu currículo. O psicopata David Robey causa medo, indignação e curiosidade sobre o seu passado, sendo um personagem bem desenvolvido. Também se destacam a expressiva e extremamente natural Cynthia Erivo, como a detetive Odette Raine, além do veterano Dermot Crowley, como Martin, mais um nome conhecido da série.
Com um grande elenco e um bom suspense desenvolvido de forma direta, sem rodeios, Luther: O Cair da Noite poderia ter, de fato, ousado mais em criar uma trama com reviravoltas que chamassem mais atenção. Mas, o trabalho de chocar o público com um choque de realidade e ser intenso nos perigos promovidos pelo seu antagonista, fazem do longa uma boa opção para os fãs de um suspense com doses de ação e ao próprio público da série homônima.