qui, 18 abril 2024

Crítica | M8 – Quando a Morte Socorre a Vida

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M8 – Quando a Morte Socorre a Vida estreou recentemente na Netflix e conta a história de Maurício (Juan Paiva), um jovem negro e periférico que ingressa na faculdade de medicina por meio de cotas. Ele vai passar a ter sonhos e alucinações com o cadáver M8, sem identificação e disponível para estudo na aula de anatomia, e tentará descobrir sua origem. O longa trata de questões raciais com maestria e sensibilidade.

Paris Filmes/ Divulgação

M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, usa do mistério central de sua trama como pano de fundo para contar uma história que, infelizmente, é mais do que atual no nosso dia a dia: o racismo. Diversas cenas do filme do diretor Jeferson De (Bróder) exemplificam o que ocorre todos os dias no Brasil, algumas situações são sutis e outras explícitas. Seja o racismo estrutural ou sistemático, as consequências dessas atitudes hediondas na vida de uma pessoa (neste caso na vida do protagonista da trama) marcam e constrangem. Sabendo disso, o diretor insere o protagonista em um ambiente totalmente, elitista e dominado por brancos, no qual os negros são vistos apenas como subordinados e/ou objeto de estudo. O roteiro escrito pelo diretor em parceria com Felipe Sholl (Fala Comigo) é baseado no livro homônimo de Salomão Polak e possui altos e baixos, a trama é acelerada e possui alguns diálogos pouco inspirados, mas compensa ao criar situações orgânicas e tem algumas cenas marcantes, como a cena final que é simples e absurdamente impactante, um verdadeiro soco no estômago. Entre os altos e baixos do roteiro, o saldo é positivo. Um destaque positivo é a trilha sonora da obra que se torna quase um personagem de tão viva e pulsante.

No quesito atuações, o elenco trabalha da melhor maneira com o roteiro que é oferecido. Os destaques são: Juan Paiva (As Five) que com o olhar e nas suas atitudes mostra uma composição interessante para seu personagem, que às vezes fala mais com sua expressividade do que o texto. Mariana Nunes (Alemão) é monstruosa na sua atuação como alicerce do filho. A cena entre ela e Paiva e de tirar o fôlego.

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M8 – Quando a Morte Socorre a Vida é uma obra carregada de verdades inconvenientes, que devem gerar alguma reflexão no espectador. Caso você assista e não se incomode com o que é visto, tenho péssimas notícias: você provavelmente está morto por dentro. Esse é um filme necessário para entender um tema cotidiano tão cruel e abominável.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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