Má Educação, filme da HBO vencedor do Emmy 2020 de Melhor Filme para a TV, conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um devotado superintendente do distrito escolar de Roslyn que é querido e respeitado por todos. Seu trabalho dentro e fora da escola fez com que a instituição de ensino, no qual ele era responsável chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país. O bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que podia surfar na boa fase e cobrar preços altos nas casas da região. Essa é uma história de superação e dedicação certo? Errado! Prepare-se para ver a maior história de corrupção do sistema educacional americano, onde a vaidade e ganância de um homem superam os conceitos ideológicos da boa educação (rs).
No filme Tassone é representado como uma pessoa dedicada e com bastante prestígio na comunidade. Dedicado e atencioso o superintendente incentivava funcionários e jovens a sempre darem o seu melhor e por ironia do destino, ele aconselha uma aluna a fazer a reportagem que iria colocar abaixo o seu castelo de mentiras e corrupção. Má Educação é um filme que opta por focar na figura controversa de Tassone, deixando de lado (leia em segundo plano) a investigação que arruinou sua carreira. O longa ao fazer isso, constrói a imagem de bom samaritano do personagem central no primeiro ato, para a partir do segundo em diante, ir desconstruindo a mesma, revelando diversos segredos que cada vez mais chocam o espectador. Essa é uma ideia ousada do roteiro escrito por Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) que foi aluno de Tassone nessa época na qual os fatos relatados acontecem.
A direção de Cory Finley (Thoroughbreds) constrói uma trama séria, mas com bastante humor. O filme mesmo com esse elemento nunca caí na pieguice e obtém excelentes atuações de seu elenco, que usam do humor e sarcasmo para conseguir a simpatia do espectador. Mesmo com todas as falhas de caráter que o personagem central possui, Finley consegue fazer com que gostemos do personagem principal, mesmo que apenas incialmente. Esse mérito da direção, ocorre devido ao maravilhoso elenco escalado. Hugh Jackman (Logan), que deveria ter ganho o Emmy de melhor ator, se desdobra em vários para conseguir dar vida as várias faces do manipulador Tassone, todas feitas com muita elegância e carisma. Allison Janney (Mom) é o braço direito do superintendente e constrói com Jackman as melhores cenas do filme. A montagem da cena final é exuberante e muito bem construída, porém é no terceiro ato que o filme derrapa em algumas situações. Como por exemplo: as situações clichês usadas para justificar os desvios de caráter do protagonista e algumas resoluções fáceis criadas pelo roteiro, que pouco batem com tudo que foi apresentado. Mas esses “tropeços” não prejudicam muito a narrativa do longa.
Má Educação mostra o início do fim da carreira de um lobo na pele de cordeiro, que cometeu o maior crime de corrupção já visto no sistema educacional. Com uma atuação espetacular de Hugh Jackman, o filme justifica o prêmio recebido neste domingo (20/09) e o título de sua obra com muita maestria.