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    Crítica | Maior Que O Mundo

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    O cinema brasileiro enfrenta diariamente dificuldades em seu trajeto, constantemente dividindo o gosto popular e causando debates sobre as produções e construções das narrativas. Todavia, o audiovisual nacional consegue entregar até que frequentemente obras interessantes, projetos que causam impacto positivo na cultura e repercutem pelo boca a boca. Infelizmente não é o caso da comédia Maior Que o Mundo, uma exata prova de todo o mal que uma produção sem visão e com nenhum sentido da ideia ter saído do papel.

    Sofrendo de bloqueio criativo, Kabeto é um escritor que vive atrás de inspiração para escrever seu segundo romance e dar continuidade a uma interrompida carreira literária. Ao encontrar um diário perdido, ele fica entusiasmado com a história do anão Altair e decide transcrever o manuscrito para vendê-lo como se fosse seu. O que ele não esperava é que o verdadeiro autor da história aparecesse e o que parecia ser a solução da sua vida acaba se tornando um problema ainda maior.

    É triste testemunhar que a produção em seus primeiros 15 minutos tem um potencial, Kabeto registrando num velho gravador seus pensamentos que lhe vêm à cabeça no seu trajeto pela rua Augusta. Uma performance totalmente improvisada de argumentos envolvendo desde clonagem até discussões sobre machismo e feminismo. Depois desse lampejo de esperança, o filme se torna apenas algo ultrapassado e sem objetivo. Um grande questionamento que o filme traz é sobre a expectativa da superação do bloqueio criativo de seu protagonista, mas tudo isso é rapidamente jogado fora com exposições totalmente gratuitas, piadas e momentos gigantes de vergonha alheia beirando os trapalhões ( só que ruim). É um argumento tão ultrapassado, uma história sem sustento ou objetivo, e consegue chegar no nível de ofender seu público.  

    Nem os atores se salvam desse desastre audiovisual, o personagem Kabeto é totalmente questionável, não possui um desenvolvimento claro, um garoto de 50 anos de idade totalmente deslumbrado com o mundo e fazendo o que quiser. A personagem interpretada por Gabi Lopes é o cúmulo do horrível, uma jornada tão desprovida de qualquer emoção ou consequência. Essa mistura do roteiro de causar consequências, mas sem ter consequências reais é o auge da obra, figuras tão detestáveis e sem qualquer questionamento da vida que levam. Incrivelmente acontece um fator trágico na obra, mas não possuem nenhum vetor de lição ou carga emocional real para seus personagens. A exposição gratuita de drogas e sexo chega a incomodar, você praticamente deseja que esses personagens sumam da tela, que o filme acabe o mais rápido possível.

    Enfim, Maior Que o Mundo busca o questionamento sobre bloqueio criativo e o plágio, mas o resultado alcançando é o puro trágico, em todos os sentidos: atuações, roteiro, montagem. É um desperdício com o simpático romance de Reinaldo Moraes, um combinado entre um esquerdo macho desprovido de moral com o uso de sexo e drogas totalmente sem nexo, e para acompanhar um humor muito parecido com o utilizado em canais ruins do YouTube. E para coroar esse feito da sétima arte somos presenteados pela icônica aparição de PC Siqueira, simplesmente lamentável.

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