ter, 12 novembro 2024

Crítica | Megalópolis 

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Responsável por alguns dos maiores clássicos da história do cinema como a trilogia O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, Francis Ford Coppola retornou às telonas com o que possivelmente será seu último filme, Megalópolis. Um projeto de paixão do diretor – que também recebe créditos de roteirista e produtor – tendo sido financiado pelo próprio Coppola.    

Megalópolis é o nome da cidade utópica idealizada pelo personagem Cesar Catalina, vivido por Adam Driver (História de um Casamento), um projeto profissional e pessoal ao qual ele dedica tudo de si, assim como foi esse filme para o diretor Coppola – que acabou sendo batizado com o mesmo nome. Ambos artistas se recusam a serem atados por amarras convencionais do que as pessoas esperam em suas artes, sonhando em criar algo cem por cento autoral para chamar de seu e desafiam os paradigmas pré-estabelecidos em seus respectivos ramos. Fazendo de tudo para dominar o tempo, enquanto olham para seus passados e re-imaginam o futuro de seus mediums.

A trama se passa em uma versão alternativa dos Estados Unidos, na cidade de Nova Roma e traça um paralelo entre a queda do Império Romano com a decadência – cada vez mais atual – do imperialismo norte-americano, expondo a hipocrisia das elites que lutam entre si, enquanto o povo continua marginalizado e usado como fantoches em disputas políticas que nunca os beneficiam. Em um filme repleto de simbolismos, os quais poderiam ser analisados por horas a fio, Coppola escancara a falácia da liberdade americana e a ascensão de regimes totalitários ao longo da história.

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Megalópolis é um filme que vai muito além de seu enredo, e tentar explica-lo ou analisa-lo demais parece contraproducente diante de toda experiência audiovisual proposta por Coppola, é o tipo de obra que te convida a senti-la ao invés de destrincha-la. A beleza vai além dos planos cuidadosamente esculpidos em tela, ela está no caos proposital que permeia todo o longa, desde as composições visuais, os figurinos extravagantes e os diálogos não naturalistas. Frente a tanta magia cinematográfica, Coppola convida sua audiência a abrir mão de racionalizar aquilo que assiste em prol de algo novo, assim como a personagem de Julia Cicero, somos chamados a enxergar de olhos fechados ao entrar nesse mundo fantasioso que é Megalópolis.            

Conduzido por um dos grandes nomes da história do cinema, com uma bagagem cinematográfica acumulada durante décadas, Megalópolis combina toda a criatividade indomada típica de projetos indies, com um orçamento estratosférico superior ao de muitos blockbusters – que de fato se traduz na tela, ao contrário do ocorre em algumas empreitadas de estúdio igualmente caras.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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