sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Men: Faces do Medo

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No cinema de horror, os medos que melhor atravessam o espectador são aqueles que dialogam com angústias reais. Mulheres vivem em constante estado de alerta ao viver, seja por falar algo indevido, seja simplesmente por andar sozinha em uma rua, ou até mesmo dentro de casa, homens são o lobo a espreita. A angústia feminina em uma sociedade de homens é justamente o tema de MenFaces do Medo, novo filme de Alex Garland.

O diretor que obteve destaque com filmes muito bem construídos e de ritmo bem demarcado como em Ex-Machina(2014) e Aniquilação(2018) vem agora sob o selo A24 realizar a ideia até então mais abstrata e menos focada de sua filmografia. O filme acompanha Harper(Jessie Buckley), uma mulher que recentemente se tornou viúva e decidiu se recolher para um retiro no interior da Inglaterra para apreciar momentos de paz. No entanto, o que a protagonista encontra é um vilarejo que apesar de adorável também possui seus segredos.

A história vai acompanhando o encontro de Harper e personagens curiosos desta vila(todos homens), cada um com sua forma específica de desconcertar a protagonista. O mal estar vai crescendo até uma figura quase folclórica cruzar seu caminho e a história tomar rumos cada vez mais surreais.

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A atuação de Buckley como Harper é ótima, se existe uma peça que fundamenta essa situação toda é a angústia, a fragilidade e a raiva da protagonista. O filme vai trabalhando com mudanças de chave bem repentinas e o desconforto que vai se criando é muito por uma situação de não sentir segurança em nenhum ambiente, mesmo em locais de acolhimento. O filme no entanto trabalha melhor esses elementos pelo visual do que pelo texto.

A direção representa a vila com um olhar quase de sonho, é um ambiente bucólico e aconchegante o que vai entrando em choque com o crescente desconforto que a trama vai apresentando com o passar do tempo. Em questão técnica é um filme muito bem resolvido. O problema, no entanto, são as relações temáticas que a produção vai fazendo, se recusando a desenvolver e então descartando. É um filme que lida com questões muito pertinentes e busca um discurso de validação da voz da mulher, mas acaba se realizando mais como uma experiência de sonho transformado em pesadelo. Sem concluir ou se aprofundar essencialmente em nada talvez por acreditar que são questões que já se valem apenas pela provocação.

MenFaces do Medo é um longa que cria caricaturas da masculinidade a serem combatidas mas não apresenta um embate real dentro de sua duração para que haja alguma conclusão. É uma história muito bem alinhada à sua estética de sonho na medida em que vai acontecendo, tem elementos interessantes, te estimula e muitas vezes você acorda sem saber o que significava ou como acabou.

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Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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