sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Meu Filho, Nosso Mundo

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Com uma forte campanha voltada sobre a temática envolvendo o dia dos pais, ‘Meu Filho, Nosso Mundo’ chega aos cinemas brasileiros. Como sempre, como um amante do cinema, é sempre um prazer assistir uma lenda como Robert De Niro nas telonas. Mesmo que não seja uma grande parceria como ele e Scorsese ou que ele nem protagonista seja (como o caso), ainda é uma honra vê-lo atuar. Apesar, claro, do medo do filme apenas usar sua imagem para marketing e não aproveitar dentro da obra. O diretor, Tony Goldwyn, possui uma curta filmografia e não dirigia um longa desde 2010, mas atuando em papéis pequenos em grandes produções como ‘Oppenheimer’, ‘Divergente’, ‘King Richard’ e, claro, fazendo a voz do Tarzan na grande animação da Disney de 1999. Enquanto diretor, Goldwyn é muito famoso pelo romance ‘Alguém Como Você’, lançado em 2001.

Sendo um comediante de stand-up com dificuldades na carreira e no casamento, Max Bernal (interpretado por Bobby Cannavale) tenta fazer de tudo para cuidar do filho Ezra (interpretado por William A. Fitzgerald), que foi diagnosticado com autismo. Após um grave acidente que o proíbe de visitar seu filho por meses, Max decide viajar com Ezra pelo país, enquanto seu pai Stan (interpretado por Robert De Niro) e sua então ex-esposa Jenna (interpretada por Rose Byrne) tentam encontrá-lo.

Já existe no cinema e nas séries várias obras que fazem uma discussão sobre autismo, produções até famosas como a série ‘Atypical’ e o filme ganhador do Oscar de Melhor Filme de 1989 ‘Rain Main’. Há muita complexidade para tratar desse assunto, ainda mais quando se trata de uma criança como é o caso de Ezra. O diretor, Goldwyn, consegue muito bem fazer uma discussão profunda sobre as diversidades de uma família com um filho autista, principalmente da relação pai e filho. Desde o começo da obra, Max nitidamente sofre sobre como manter essa relação e “fazer com que o filho faça parte do mundo real, não apenas do mundo dele”, como o próprio protagonista diz.

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Créditos: Créditos: Diamond Filmes/Closer Media

A partir de um ambiente melancólico a todo momento, sempre com uma paleta de cores fria e triste como o azul, laranja e muito uso de sombras, a atmosfera daquela família é muito bem retratada e trabalhada a partir da decupagem dinâmica da trama. A câmera comporta-se diferente quando está em Max, sempre tremendo, com um close próximo do rosto. Em sua primeira aparição, enquanto estava no meio de seu show de stand-up, fazendo piadas que citavam sobre sua vida, a câmera ia passeando por ele, não apenas como se o observasse, mas como se o assombrasse. Questões mais sérias do seu passado, pendentes para resolver com seu pai e ainda mais outras questões sobre o seu filho.

Há um bom trato do filme com os assuntos, especialmente nas transições entre o drama familiar e o humor, especialmente durante a viagem de Max e Ezra. As relações entre os personagens, tanto destes dois como de Stan e Jenna sempre geram frutos interessantes para todo esse discurso que o filme propõe sobre a responsabilidade paterna e as adversidades dentro de uma família. As atuações, especialmente de Bobby Cannavale, William A. Fitzgerald e Robert De Niro seguem o fluxo da ideia e também trazem reflexões bastante interessantes. Uma pena, inclusive, este projeto não ter sido lançado com uma campanha voltada mais a fundo para o Dia dos Pais, seria uma excelente opção de entretenimento.

‘Meu Filho, Nosso Mundo’ é uma bela viagem sobre várias discussões familiares, como aprender com alguém diagnosticado com autismo e sobre desenterrar seus passados para tratá-los ou, como o próprio filme diz, “enterrá-lo”. Tony Goldwyn constrói uma obra sólida que se torna uma boa opção de entretenimento e reflexão para os espectadores.

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