Para início de conversa, é preciso se lembrar de 2013. “Minha mãe é uma peça” foi o maior sucesso nacional do ano, levando mais de 4 milhões de pessoas aos cinemas. Talvez não só aquele filme tivesse chances de sucesso, mas sim o seu formato. Nessas condições, é lançado em 2016 “Minha mãe é uma peça 2”, que aproveita o modelo do primeiro filme da franquia, mas corre sério risco de cair na repetição e decepcionar aqueles que já estavam satisfeitos.
Dona Hermínia (Paulo Gustavo) começa a nova temporada do seu programa de TV (aparentando muita felicidade por isso), enquanto dentro de casa vive um desespero por descobrir que seu filho Juliano (Rodrigo Pandolfo) não é mais homossexual, e sim bissexual; e sua filha Marcelina (Mariana Xavier) decidiu ser atriz. O arco do filme gira em torno dos problemas do mundo da maternidade (assim como no anterior), porém agora um pouco mais focado na independência dos filhos. É muito interessante essa nova visão que Paulo Gustavo e Fil Braz (ambos roteiristas) dão ao longa, evitando repetitividade em relação ao anterior.
Não é perceptível nenhuma lacuna no roteiro, porém alguns excessos que poderiam ser podados. O arco principal é muito redondo e fechado. Porém, os “arredores” da história ganham muita visibilidade, tomando um tempo que poderia ser usado para a história central, ou até deixando o filme cansativo. É o caso da entrada sem explicação e sem necessidade da irmã Lucia Helena (Patricya Travassos) e a tentativa de impor um aspecto dramático com a Tia Zélia (Suely Franco), que passa por problemas de saúde.
O aspecto cômico não fica para trás em relação ao anterior. Paulo Gustavo exibe mais uma vez um incrível talento de roteirizar e de atuar, fazendo todo mundo pensar: “achei que isso só tinha na minha família”. A diversão do filme também é muito bem apoiada pelas aparições de Samantha Schmütz, interpretando a empregada doméstica Waldéia e de Malu Valle, que é a Dona Lourdes, uma vizinha chata que puxa conversas intermináveis.
“Minha mãe é uma peça 2” exibe uma aparência inovadora para Dona Hermínia, que aparenta estar mais arrumada, morando numa casa de luxo. Mas ela vive tudo isso sem perder a sua essência de mãe preocupada e um pouquinho exagerada nas decisões.
Apesar de beber na mesma fonte do primeiro filme, o longa não é repetitivo e vale a pena pagar pelo ingresso se a ideia for dar risada e se divertir (ainda mais se for possível assistí-lo com sua mãe!).