qua, 21 maio 2025

Crítica | Missão: Impossível – O Acerto Final (Sem Spoilers)

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A derradeira parte de uma das franquias de ação mais importantes das últimas 3 décadas, Missão: Impossível – O Acerto Final (Mission: Impossible – The Final Reckoning), mostra o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) acompanhado e sua equipe da IMF encarando as consequências dos acontecimentos que sucederam a missão para impedir o acesso de uma perigosa Inteligência Artificial ao sistema global de computadores. Tendo a certeza de que a vida no planeta depende das suas escolhas, Ethan continua sua busca pela entidade, mas acaba se deparando com grandes governantes poderosos ao redor do mundo, precisando contar com a ajuda de novos e velhos aliados para salvar o destino da humanidade.

  Desde 1996 que o inegável carisma e versatilidade de Tom Cruise no papel do agente Ethan Hunt toma conta das salas de cinema ao redor do mundo com a igualmente energética franquia Missão: Impossível, baseado em um icônico seriado de TV da década de 1960 criado por Bruce Geller, época na qual a espionagem era principal foco das mídias de entretenimento, tanto pelo contexto histórico da Guerra Fria, quanto pela disseminação do estilo graças a um certo agente secreto britânico criado por Ian Fleming. Com total entendimento da necessidade de atualização de cenários sócio-políticos e tecnológicos ao longo dos anos, as adaptações cinematográficas de Missão: Impossível cumprem com maestria o dever de casa de se manterem atualizados a cada filme, tendo em Acerto de Contas e em Missão: Impossível – O Acerto Final (Mission: Impossible – The Final Reckoning) um conflito crescente e bem elaborado contra os perigos de uma nociva inteligência artificial em mãos erradas.

Imagem: Paramount Pictures

 O que verdadeiramente surpreende nesses dois últimos filmes da franquia Missão: Impossível é a alusão aos princípios pregados tanto pela icônica saga quanto pelo seu astro e produtor. Tom Cruise e toda a equipe abraçam a ideia de se fazer um cinema imersivo com recursos e esmero, ousando utilizar mecanismos além do digital e mergulhar do modo clássico de produzir e filmar cenas de ação empolgantes que fazem jus à essência de uma produção cinematográfica artesanal, sem utilizar uma gota sequer de imagens geradas por IA e comprometer a magia da sétima arte e o emprego de verdadeiros magos do entretenimento. Consciente dos perigos de uma inteligência artificial, a trama se desdobra por meio de escolhas formais com técnicas e recursos que agregam valores à imersão imagética do longa. No entanto, seu conteúdo interessante, e condizente com a “filosofia” da saga, poderia ser melhor aproveitado, evitando repetições e incrementos cansativos ao longo da trama.

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Mais uma vez sob a meticulosa direção de Christopher McQuarrie, indubitavelmente primoroso nas cenas de ação que conduz, Missão: Impossível – O Acerto Final, compensa uma certa escassez de elementos particulares que trariam mais identidade, criatividade e ousadia à história, com momentos de amálgama entre tensão, pura adrenalina e agonia em seu terceiro ato, que culminam na maior sequência de ação de toda a franquia e, talvez, uma das melhores do cinema nos últimos 10 anos. Antes intitulado Acerto de Contas: Parte 2, sendo modificado para O Acerto Final, para intensificar a despedida da franquia cinematográfica, a oitava aventura do agente Ethan Hunt é além de uma conclusão da história do filme antecessor, mas uma verdadeira revisão de todos os acontecimentos da série até então. Para o lado positivo desse tributo que auxilia aqueles que não estão com a memória fresca de 7 narrativas anteriores complexas e de longa duração, esses resumos da trajetória de Hunt e sua equipe em 30 anos caem como uma luva e até podem servir para quem está caindo de paraquedas na série de filmes pela primeira vez. No entanto, essa revisitação a todos os filmes, que vem logo de cara na primeira cena de O Acerto Final, chega a ser constante e repetitiva para quem espera que não só a ação e movimentação rítmica, que são prometidas desde o primeiro momento do longa, deem as caras, como também uma particularidade própria deste novo longa além da sensação de despedida constantemente imposta pela história.

Imagem: Parmount Pictures

É possível sentir o excesso de ideias apresentadas ao longo do primeiro e segundo ato de Missão: Impossível – O Acerto Final , que beira o cansativo e o repetitivo, ainda mais quando a narrativa se encontra em um embate contra o anti climático, saindo felizmente vitoriosa graças aos personagens por quem o público sente afeição e torce para o sucesso de suas respectivas missões e a ação contagiante em, pelo menos, 4 grandes momentos que ficarão lembrados na história do gênero cinematográfico, com direito ao protagonista Ethan Hunt e sua icônica correria, máscaras de alta tecnologia, uma intensa e sufocante investigação em um submarino russo nas profundezas do oceano e uma sequência de voo que serve como um verdadeiro teste cardíaco para todos os públicos. Seria bater repetidamente em uma mesma tecla declarar que Tom Cruise, mais uma vez, desempenha com total facilidade e entusiasmo o papel de Ethan, despertando no público um já típico sentimento de afeição pelo agente que faz parte do entretenimento cinematográfico dos fãs de ação e espionagem há 3 décadas. Porém, pelo custo de absolutamente nada, vangloriamos toda a vivacidade do veterano ator em seu papel mais importante na sétima arte. É interessante como, ao contrário de todo o filme, Cruise não encara O Acerto Final como uma longa despedida, optando por agir com a mesma sensação de invencibilidade para com seu icônico personagem. Pode-se perceber, no entanto, que Ethan, em determinados momentos, se vê na necessidade de contemplar filosofias e ensinamentos ao longo de 30 anos de missões impossíveis, principalmente em sequências que mostram interações entre ele e seu parceiro de longa data Luther Stickell, mais uma vez vivido por Ving Rhames. Eis que o oitavo e último filme da franquia não utiliza da nostalgia para promover emoções baratas ou referências jogadas para agradar fãs que necessitam que toda série de filmes tenha conexões auto-explicativas, mas sim para elevar um modo contemplativo e bem trabalhado para o épico desfecho, a ponto de emocionar com poucas e bonitas palavras.

Convicto da necessidade de bolar um desfecho épico para toda a história da franquia Missão: Impossível a partir da premissa que teve início no longa antecessor a O Acerto Final, roteiro de Christopher McQuarrie e Erik Jendresen se divide entre uma construção narrativa linear e episódica devido ao acúmulo de informações e novas ideias que dividem a trama em 3 núcleos: da missão de Ethan em resgatar um dispositivo fundamental para a destruição da inteligência artificial que ameaça o planeta; de sua equipe, composta por Benji, Grace, Paris e Degas, interpretados respectivamente pelos ótimos Simon Pegg, Hayley Atwell, Pom Klementieff e Greg Tarzan Davis; e da sala de guerra, onde a Presidente Erika Sloane, vivida pela incomparável Angela Bassett. Por vários momentos, a escrita parece prolongar as subtramas que compõem a premissa principal de O Acerto Final para estender a metragem do filme e preparar o terreno para épicos momentos finais, o que, de fato, procede, já que o derradeiro embate entre Ethan e o convincente vilão Gabriel, interpretado com excelência por Esai Morales, combinado à tensão proveniente da ameaça global por conta dos ataques da “Entidade” e conflitos sócio-políticos, tornam o terceiro ato do longa uma montanha russa de emoções.

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Coincidentemente, Missão: Impossível – O Acerto Final tem seus grandes acertos nos momentos finais, compensando o exagerado e quase verborrágico meio da narrativa com um desfecho à altura das grandes aventuras do agente Ethan Hunt. E que altura o protagonista atinge nesta sua última missão, diga-se de passagem! No final, o ar saudosista é inevitável, ainda mais quando nos damos conta de que foram quase 30 anos acompanhando aventuras frenéticas, repletas de emoção e criatividade. A franquia Missão: Impossível deixa como legado um verdadeiro exemplar de como fazer um cinema imersivo e funcional com técnicas e trabalhos manuais louváveis em tempos de soluções fáceis e desprovidas de alma, graças a intenvenção da inteligência artificial nas artes. Que novas franquias do gênero encarem essa honrosa missão!

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