Paul W. S. Anderson é um entusiasta do mundo dos games, e isso se reflete na sua carreira como diretor. Entre suas produções feitas para o cinema temos: A franquia Resident Evil, Mortal Kombat (1995) e Castlevania (2007). Essas adaptações são boas? Bom, em sua maioria elas desagradaram, mas há quem defenda o estilo do diretor nessas produções. Para aumentar a lista de filmes feitos pelo diretor baseados em games temos estreando hoje (25/02) em todo Brasil, Monster Hunter, filme que deve desagradar quem conhece o jogo, quem defende o estilo do diretor e quem não conhece nem o jogo e o diretor.
Por mais que reclamem da sua abordagem em Resident Evil, Anderson ao menos lá apresenta um estilo próprio ao fazer os filmes da franquia. Em Monster Hunter, esse “estilo” ou qualquer sinal de vida do diretor não aparece na primeira hora do longa. O diretor aqui falha solenemente em dar algum tipo de ação que faça sentido para o espectador, ação básica mesmo. URGÊNCIA nas situações vistas. Numa cena o grupo de heróis é atacado por monstros… O filme poderia ter acabado ali e não faria diferença nenhuma pro espectador, já que não conhecemos os personagens em cena. Não sabemos o básico sobre eles e nem nos importamos com o mesmos (você se importa com quem você não conhece em um filme?). Assim fica meio difícil de digerir o filme que começa do nada e nós leva a lugar nenhum sem nenhuma explicação, o longa continua com os sobreviventes e continuamos sem saber nada sobre eles. Por volta dos 70 minutos de filme e que descobrimos algo (o longa possui 90 minutos de duração).
“Esse crítico é muito chato, nesse tipo de filme o que importa são outras coisas e não essa bobagem de construir personagens…” Ok, vamos focar no que interessa. Monster Hunter começa em um vasto deserto com um grupo de Rangers do Exército dos EUA em patrulha, liderados pela Capitã Natalie Artemis (Milla Jovovich). O que parece uma tempestade de areia faz com que Natalie e sua equipe sejam repentinamente lançadas em um universo alternativo ao lado do nosso que é basicamente mais deserto, mas com criaturas gigantes e aterrorizantes. Em vez de construir um universo ou um mundo como no game, Anderson opta por uma estética vazia… Tem um deserto e uma torre. Isso faz com que Monster Hunter seja um filme que é chato de se olhar, já que não se tem nada para se ver. A estética dos monstros é o que se saí melhor, não todos. O Rathalos é o mais bem construído dos monstros vistos, junto com um personagem secreto. Os demais monstros vistos no filme possuem um design de criatura não tão bem elaborado ou detalhado quanto nos jogos, o que pode desagradar. O que aparece por último, PQP, tem um acabamento horrível e soa mais artificial que a cena de luta picotada de Jovovich (Resident Evil) contra o personagem de Tony Jaa (O Protetor). A edição aqui fez a festa, e a cada chute dado na cena são 5 cortes diferentes, vistos de 5 posições diferentes e em algumas o chute nem foi dado. Uma bagunça! A cena da caverna é bem construída, mas inserida de modo tão abruto que nem sentimos tensão ou medo do que vemos.
Os atores são desperdiçados no elenco, metade dele se vai sem dizer a que veio. A outra metade está lá para cumprir o papel de figurante de destaque. A estreia da atriz brasileira Nanda Costa em Hollywood é tímida e se resume em algumas cenas que se somadas dão no máximo 5 minutos. A entrada de Ron Perlman (Hellboy) no longa até melhora a trama, mas é tarde. Toda a monotonia do início entra em choque com o último ato do filme, que até que é empolgante, mas que se encerra rápido demais. Tudo que esse longa poderia ter feito de bom é apresentado nos 15 minutos finais, o que é frustante de se ver, pois o longa poderia ter sido melhor do que é.
Monster Hunter é uma grande frustração. Estilo e criatividade são escondidos em dois terços do filme, por mero capricho ou por falta de noção. Peço desde de já que Paul W. S. Anderson não faça mais filmes inspirados em games, pois neste que é produzido, roteirizado e dirigido por ele, ele se perdeu no seu deserto de ideias.
Ps. O longa possui uma cena pós crédito.