Já está disponível na Netflix o filme Monstro, novo drama de tribunal que é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Walter Dean Myers. O filme conta a história de Steve Harmon, um jovem negro que está na prisão pelo assassinato do dono de uma venda no Harlem. O contexto da trama é o mais atual possível e apresenta uma obra que tem estilo, mas peca em alguns detalhes, o que pode dar ao filme um ar maçante. Entenda o motivo abaixo:
Monstro é o primeiro trabalho para o cinema do diretor Anthony Mandler, aqui temos uma estreia sólida e que abusa do estilo. Temos tomadas reflexivas, panorâmicas, um uso de câmera fechada, com o intuito de tirar, do seu talentoso elenco, o melhor. Tudo que assistimos é muito lindo, lindo até demais. As técnicas usadas são estonteantes e Mandler mostra que sabe filmar. O problema é o seu ritmo e foco.
O roteiro escrito pelo trio Colen C. Wiley (Rez), Janece Shaffer (Rez) e Radha Blank (Mixing Nia) não sabe muito bem sobre o que deseja falar. Hora a trama tem um ar contemplativo sobre o passado e sobre a situação, em alguns momentos a trama foca no mistério, afinal o jovem cometeu o crime? Em alguns o filme abandona tudo que foi citado é foca no todas as suas forças num típico drama de tribunal. Com tantas propostas o filme acaba se perdendo e se tornando chato. Além disso, o roteiro opta por uma narrativa não linear, o que não é ruim, mas como já temos um problema de foco essa decisão faz a trama se tornar algo não envolvente. Afinal, tudo é apenas revelado no 3º ato.
O filme possui comentários interessantes sobre os preconceitos que a sociedade possui com os negros acusados de crimes. Vemos isso retratado em diversos momentos da película. O forte deste filme é a atuação de Kelvin Harrison Jr. (Ao Cair da Noite) que tem uma boa atuação, conseguindo transmitir toda a angústia nas cenas de julgamento. Os demais atores tem pouco tempo em cena, mas cumprem bem os seus papéis.
Monstro é um bom filme, apesar de seus problemas narrativos. Que no próximo longa Mandler consiga balancear estética com narrativa, pois talento ele mostrou nesta obra que tem, falta apenas foco.