ter, 16 abril 2024

Crítica | Morte, Morte, Morte

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O gênero suspense ao longos dos anos estabeleceu tipos de filmes com a característica de whodunnit, que é a criação de uma investigação sobre um assassinato ocorrido. Seu trabalho é criar a atmosfera usando o ambiente, personagens e pistas. Assim, surpreendendo o público e revelando o assassino/assassina improvável. Muito comum na literatura, especialmente nas obras de Agatha Christie, talvez a maior responsável pela popularização do subgênero. Agora, o estúdio A24 embarca novamente nesse esquema de subverter um gênero, apresentando Morte Morte Morte.


Em Morte Morte Morte, Bee e sua amiga, ambas de família muito bem sucedidas e ricas da Europa, decidem viajar juntas para uma festança em uma mansão remota. Junto com elas, outros convidados da mesma faixa etária de vinte anos, e também muito ricos. Depois de beber, usar drogas e dançar, o grupo decide jogar “Morte Morte Morte”, uma brincadeira aonde alguém é assassinado e todos precisam adivinhar quem foi o assassino.


Basicamente o filme é um comentário social sobre a geração Z, um resumo sobre esse twitterxploitation já encarnado nos jovens bombardeados pelo uso intensivo da Internet, seja Tik Tok, Twitter, Instagram, etc. É quase uma espécie de Pânico da nova geração, mas não tão levado a sério. Os comentários sarcásticos existem aqui, desde os constantes usos de termos psicológicos na internet: Borderline, Gaslighting, até o ótimo uso da tecnologia, transformando o celular em uma ferramenta, mas também a arma mais perigosa e com mais consequência do filme.

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O cenário é construído aqui de uma forma bastante clássica até: uma mansão gigante, jovens trancafiados sem sinal de internet, e um improvável assassinato. O estilo de comédia ácida é feito aqui para construir o tom do filme, mas também as características de cada personagens, muitas vezes funciona, outras vezes não. A base do roteiro do filme tenta estabelecer esse cenário para que cada um seja apresentado, estabelecendo as intrigas, conflitos e conexões. Moldando a visão do telespectador para cada pessoa, e assim construindo o whodunnit do filme.


A mansão é uma encarnação física de um dia comum na internet, emulando acontecimentos comuns de Facebook, Instagram ou Twitter. Algo de ruim acontece, a partir disso surgem acusações, abusos, preconceitos, paranoias e até cancelamentos. Toda essa representação de uma geração já alterada devido ao constante uso de mídias sociais, e não apenas o uso, a infeliz e inevitável alteração que causa na vida, desde coisas bobas(desafios, trends) até problemas sérios psicólogos e crimes.


Já quando o filme parte nessa camada de “Slasher”, ele perde um pouco o ritmo, a diretora busca trazer essa sensação dos personagens de desespero, a câmera bastante próxima de cada um para podemos ver suas expressões, e assim como os demais personagens, adivinhar quem está mentindo. Muitas vezes acaba que monótono ou confuso(de um jeito ruim), não tira o entretenimento do filme, mas exclui a criatividade que poderia passar, ainda mais se tratando de um filme curto, apenas 94 minutos.


Quanto ao elenco afiado, restam apenas elogios. Maria Bakalova traz consigo a maior parte do protagonismo e consegue passar essa sensação de mistério em torno de sua personagem, misturando a inocência e o pulso filme na hora que precisa. Amandla Stenberg e Myha’la Herrold são as que mais trabalham a tensão e imprevisibilidade do grupo. O grande destaque são Rachel Sennott e Pete Davidson, ambos com tempo de tela até que normal, mas inevitavelmente quando aparecem tomam conta do filme, seja pela diversão que cada um passa até suas particularidades que o ajudam ou atrapalham durante as investigações do assassino/a. Seria esse o melhor uso de Pete Davidson no cinema?


Morte Morte Morte é uma representação honesta da A24 nesse modelo de subverter subgêneros. Ainda que não seja inesquecível ou fascinante, é um entretenimento ótimo e divertido. Funciona e consegue mostrar de forma positivo seu objetivo, seu elenco aumenta a simpatia do filme. A obra critica, mas também abraça a atual cultura, seja desde a trilha sonora, figurino, frases, até a comédia pega referência nos atuais Stand Up Comedy. Uma boa diversão para fugir dos terríveis clichês do gênero.

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