Mufasa – O Rei Leão (Mufasa – The Lion King, 2024), longa-metragem estadunidense de animação, distribuído pela Walt Disney Company, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 19 de dezembro de 2024, com classificação indicativa 10 anos e 118 minutos de duração.
Na década de 90, algumas perguntas surgiram para os jovens e adultos traumatizados por Scar (Cicatriz), o tio malévolo de “O Rei Leão” (1994), dublado no original por Jeremy Irons. Como ele se tornou tão perverso? Por que ele era conhecido apenas por esse apelido cruel, enquanto os outros tinham nomes nobres e complexos? Será que ele já foi uma figura simpática ou incompreendida? Finalmente, depois de 30 anos, vieram as respostas.
Scar é o personagem que possui o arco mais significativo e a jornada mais importante na narrativa, motivo pelo qual entendo que, talvez, seu nome devesse estar no título (apesar de saber que isso com certeza não ajudaria na bilheteria). Já que diferente dele, Mufasa, originalmente dublado pelo lendário James Earl Jones – que inclusive recebe uma homenagem nos primeiros segundos do filme, dizendo uma de suas celebres frases, sem que sua voz seja redublada para o português – é apresentado como um personagem completamente decente desde o início.
Esta continuação, uma prequela do clássico de 1994, no mesmo estilo animado fotorrealista do reboot de 2019, é de fato um drama contundente, sincero e bastante engenhoso, com uma boa dose de energia narrativa do roteirista Jeff Nathanson e do diretor Barry Jenkins. Nela, somos apresentados a origem de Mufasa, Scar, Sarabi, Rafiki e até mesmo da formação geológica da Pedra do Rei.
A história dramática da infância do Rei Mufasa é narrada em flashback pelo velho e sábio mandril Rafiki para a jovem Kiara, filha de Simba e Nala (esperamos que Kiara aprenda a lição que Scar não aprendeu e assim, não se preocupe com a possibilidade de perder o trono para um irmão). Também ouvindo a história estão os inigualáveis Timão e Pumba, adicionando doses de humor e familiaridade à narrativa.
O jovem Mufasa é uma figura brilhante e bem-humorada, mas de origem humilde. Durante uma enchente, ele é levado para longe de seus pais, e, enquanto luta desesperadamente para sobreviver, é salvo por um leãozinho chamado Taka, que se torna seu melhor amigo e meio-irmão. Contra a vontade do pai, Taka e sua mãe acolhem Mufasa em sua família real. E quando a família real é atacada por um bando de desgarrados “leões brancos”, é Mufasa quem os salva, enquanto Taka foge.
É nesse momento que, o pai de Taka o envia em uma jornada para uma terra distante e segura, ordenando que Mufasa o acompanhe e assim ele o faz. O ressentimento de Taka cresce e se transforma em uma inveja corrosiva. Taka se apaixona por Sarabi, a leoa amigável que fez amizade com os dois durante a viagem. Ele é consumido por dentro ao perceber que Sarabi está atraída pela nobreza, sensibilidade e coragem natural de Mufasa. Enquanto isso, os malignos “leões brancos” com suas garras afiadas se aproximam cada vez mais deles.
Muitos acontecimentos ainda estão por vir, porém, em relação a trama, vamos parar por aqui, para evitar que as demais surpresas e reviravoltas sejam simplesmente entregues, em vez de serem experimentadas por vocês, leitores.
O ponto principal é que, ao reverter o ciclo da vida para nos contar essa história do passado, “Mufasa: O Rei Leão” retoma ideias e personagens dos filmes anteriores, possivelmente de forma intencional, já que um dos princípios do longa é que todos os leões são reafirmações existenciais de seus ancestrais.
No que diz respeito à dublagem, a versão brasileira foi muito bem executada. Cada dublador adaptou os trejeitos de seu personagem de maneira única, entregando com precisão o que o público esperava, em comparação com a referência clássica.
No entanto, a trilha sonora apagada e sem brilho, fica muito aquém da qualidade e sagacidade das músicas de Elton John e Tim Rice de 1994. E, o pomposo pássaro servo Zazu retorna, mas agora praticamente não há espaço para suas piadas.
Em resumo, “Mufasa: O Rei Leão” embora marcado por uma trilha sonora esquecível, não é uma história ruim do multiverso Disney de animais falantes, mas sim um primo menor em relação ao impacto cinematográfica do primeiro filme. É uma prequela emocionante do clássico de 1994, onde a narrativa tem um lugar de destaque, oferecendo aos fãs um conto de origem impactante, uma visão mais profunda e envolvente do mundo de O Rei Leão.