Muribeca é um relato simples, singelo e sensível de vozes que merecem ser ouvidas. O documentário, com direção de Alcione Ferreira e Camilo Soares, conta a história do já não mais existente Conjunto Habitacional Muribeca.
O documentário conta com relatos de ex-moradores do conjunto habitacional, que contam com carinho sobre suas vivências no local, e sobre como um lugar tão cheio de vida se transformou em uma “cidade-fantasma”.
Com certeza a característica mais marcante do documentário é a sensibilidade que é passada em cada take, em cada momento, em cada fala. O documentário é um verdadeiro memorial, uma homenagem ao que muitas pessoas um dia puderam chamar de lar. E é essa sensibilidade que toca tanto o espectador quando são mostradas as imagens do que hoje é o não mais Conjunto Habitacional Muribeca. Essa sensibilidade é tratada de tantas maneiras possíveis, desde a escolha dos entrevistados, a direção de fotografia, o ritmo monótono mas tão presente, tudo isso faz com que o espectador que nunca sequer esteve naquele local seja transportado à atmosfera do ambiente, criando os mais diversos sentimentos, sendo cativado e cravejado pela emoção.
Por outro lado, a emoção nem em todos os momentos é o suficiente para prender a atenção do espectador. O ritmo monótono pode fazer com que algumas cenas percam um pouco da atenção do público, público esse que já é muito bem selecionado, até porque, não é pra qualquer gosto um documentário com tanta carga emocional.
Cinematograficamente falando, o filme não traz consigo nenhum destaque, segue uma fórmula básica já muito utilizada para documentários, e não sai do que é esperado para um longa do tipo. Isso não é algo necessariamente ruim, uma vez que não é preciso ser revolucionário para ter qualidade e apreço, mas deixa um vazio que poderia ser preenchido com elementos mais inovadores que não puderam ter sido tão utilizados.
O documentário já está disponível em diversos cinemas brasileiros.