Melodramas LGBT+ de época geralmente buscam retratar uma jornada triste, não por puro fetiche, mas por conta das dificuldades de aceitação de um período onde tudo isso era visto como “não natural”. Com a chegada de My Policeman, temos novamente Harry Styles nessa nova empreitada como ator, e agora vivendo o protagonista da história, será que o mesmo consegue sustentar ao lado de dois atores acima da média ?
A trama concentra-se em marido e mulher, Marion e Tom Burgess, baseado no romance de 2012 de Bethan Roberts, quando o casal se encontra e se apaixonam ao longo da costa de Brighton nos anos 1950. Entra Patrick Hazelwood, curador do Brighton Museum, que também desenvolve sentimentos pelo policial Tom, com os dois iniciando um caso de amor proibido.
A história funciona de modo que começamos acompanhando o período de quarenta anos depois do fato futuramente contado. Temos Marion e Tom vivendo em um lugar pacífico, bonita casa, uma aposentadoria perfeita. Pelo menos essa é a impressão inicial, mas é mostrado que existe muita amargura e muitas pendências. Com a chegada de Patrick, antigo amigo do casal, demanda de cuidados devido sua saúde debilitada. O clima imposto na casa é de solidão e essa constante evitação do conflito perdurado. Através das memórias escritas de Patrick, Marion vai redescobrindo o antigo amor proibido entre os dois rapazes, e entendendo mais sobre suas motivações.
O principal problema é que a história já é batida, e a direção acaba que muito automática, então se torna um enredo muito convencional de um modo geral. Os arcos parecem incompletos, tudo bastante abrupto, os personagens do nada mudam de atitudes, exemplo disso é a cena de Marion reclamando do distanciamento de Tom, mas não existe sentido nessa reclamação, visto que os dois estavam muito bem minutos atrás, um claro problema na montagem e roteiro do longa.
A atmosfera encontrada entre o trio no futuro é muito mais interessante do que na versão jovem, o peso é muito maior, mas a história não consegue aproveitar isso, não diferente, seu desfecho final é apresadíssimo. O longa escolhe por jogar no seguro, a trama envolvendo o caso extraconjugal e a descoberta da mulher permanece que “comum” para os mais experientes em melodrama. A escolha de passar o enredo do livro de forma mais literária não ajudou, faltou uma criatividade cinematográfica.
Quanto as atuações, Harry Styles está bem no papel, é nítido a diferença de talento entre ele e os outros dois atores, mas mesmo assim ele consegue trabalhar com o pouco material que seu personagem possui, muitas vezes parecendo coadjuvante da própria história. Emma como Marion consegue entregar o encanto pelo marido, mas também raiva ao descobrir a traição. Dawson é talvez o melhor dos três, um homem inseguro, inteligente e bastante amoroso. As interpretações mais velhas são bastante interessantes, mas infelizmente a rápida e má utilização de suas versões traz a sensação de história incompleta e rapidamente encerrada.
My Policeman joga no seguro, traz a estrela Harry Styles nessa nova etapa de sua vida e o desafia para um melodrama de época. Possui boa ambientação E bons atores envolvidos, mas o resultado final é apenas medíocre. Falta mais tempo e sentimento à obra, isso é nítido na cena final, onde o clímax do filme não parece atingir seu telespectador. Histórias de amor como essas merecem o seu devido impacto narrativo, senão passam a sensação de apenas algo para ser visto e esquecido.