A ideia de pegar uma história bastante complexa e alongada em um manicômio brasileiro e transformá-la numa espécie de terror e filme de fuga de prisão pode parecer bastante interessante. Por mais que não apresente o impacto da famosa série que se calcou bastante na adaptação literária “Holocausto Brasileiro”, livro importantíssimo de denuncia de uma das maiores atrocidades que este país já viu, o filme consegue criar uma história com personagens fictícios, parcialmente inspirados, e mostrar um pouco do que foi aquele cenário intenso de terror.
Ristum utiliza traços ficcionais para contar a história de Elisa (Fernanda Marques), que é internada por seu pai após engravidar de seu namorado, vítima, como tantos outros, de uma internação injustificada. O filme percorre a história dos personagens internados no manicômio, que existiu por quase um século.
O filme segue uma cartilha bem conhecida tanto do gênero quanto da história contada. A história da personagem presa injustamente no manicômio e as etapas dela tentando provar sua sanidade e aos poucos sendo consumida pelo local e afetando sua mentalidade. São clichês já usados inúmeras vezes que apesar de repetidos talvez tenham algum impacto por se tratar de uma história real e nacional.
Por mais que pareça um pouco covarde não dar os nomes verdadeiros das pessoas e criar uma história parcialmente fictícia/real, o longa se aproveita disso para criar um drama com uma mistura de terror e suspense em meio a fuga da protagonista sobre aquele lugar. Ele mistura momentos de perigos reais e situações violentas entre pacientes e os enfermeiros, mas também situações psicológicas envolvendo o mal estar desenvolvido da protagonista sobre aquele local. A confundindo com o que é real ou não. Surgindo momentos de visões da mesma com antigos companheiros de manicômio já falecidos.
Os atores variam entre o muito bom e o unilateral. Principalmente os enfermeiros, onde existe sim uma parte que não funciona como um vilão mal absoluto, o caso da enfermeira, porém a maioria cai mais em uma pegada engessada e canastrona desse tipo de filme. O filme apresenta tramas com seus personagens secundários que ao invés de enriquecer acabam tornando o filme mais desinteressante conforme seu final.
Ninguém Sai Vivo Daqui funciona como uma pequena denuncia de uma história bastante complexa e absurda, porém infelizmente esquecida no popular. Não cria algo tão chocante ou inesquecível, mas consegue entreter usando uma base mais ou menos real para construir seu drama/terror. O uso do preto e branco combina com a época passada e a sensação de claustrofobia e insegurança daquele lugar.