Após anos de ausência desde um lançamento desastroso, a franquia Ninja Gaiden ressurge com seu quarto capítulo numerado. Com um novo protagonista, cenário futurista e mecânicas renovadas, o jogo tenta equilibrar tradição e inovação, conseguindo entregar uma experiência sólida apesar de limitações técnicas evidentes.

Yakumo: Um Novo Rosto para a Franquia
Yakumo, do Clã Corvo, assume o protagonismo como rival de Ryu Hayabusa. Este jovem ninja prodígio é herdeiro de um clã que opera em uma Tóquio cyberpunk futurista, onde é forçado a usar seus poderes contra forças sombrias. Suas habilidades únicas baseadas em técnicas de corvo, incluindo a forma especial “Corvo de Sangue”, conferem identidade própria ao personagem e diferenciam sua jogabilidade da de Hayabusa.
Narrativa Funcional, Sem Pretensões
Ninja Gaiden 4 não se destaca pela narrativa complexa, mas cumpre seu propósito: oferecer uma aventura frenética e direta. Seguindo o padrão dos jogos anteriores da série, a história serve como pano de fundo para a ação intensa, sem tentar ser mais do que precisa ser.

Gameplay: Brutalidade e Profundidade
O coração de qualquer hack and slash reside em seus combos e habilidades, e Ninja Gaiden 4 entrega nesse quesito. A jogabilidade frenética característica da série retorna em plena forma, permitindo abordagens stealth ou confrontos diretos. A escalada de paredes e ferramentas de impulsão mantêm a movimentação fluida e vertical que consagrou a franquia.
Sistema de Habilidades Robusto
O jogo oferece uma árvore de habilidades dividida em dois ramos principais:
• Armas específicas que alteram completamente a dinâmica de combate, cada uma com técnicas próprias desbloqueáveis através da pontuação Karma
• Yakumo Skills adquiridas com ninjacoins, oferecendo dezenas de variações e melhorias de atributos
A habilidade do Corvo, reminiscente do modo fúria de God of War, transforma Yakumo em uma força devastadora, especialmente útil contra hordas e inimigos resistentes. Os golpes especiais (L2 + Quadrado ou Círculo) consomem energia Karma mas são essenciais tanto para ataques quanto para defesas contra inimigos poderosos e chefes.

Progressão com Escolhas Forçadas
O Terminal DarkNest funciona como hub para missões secundárias chamadas “Contratos”, acessíveis através do painel de compras. Completá-las recompensa com itens, ninjacoins e acessórios.
O mentor Tyran aparece ao encontrarmos corvos pelo cenário, ensinando novas habilidades de armas e golpes especiais. Áreas de treinamento complementam essa progressão, enquanto os orbs coletados dos inimigos recarregam a barra de energia. As missões principais incluem objetivos variados: exploração, coleta de itens e confrontos secundários, com sidequests oferecendo recompensas adicionais.
Exploração Linear com Incentivos Interessantes
Os cenários são predominantemente lineares, com algumas áreas secretas contendo purgatórios ou itens escondidos, nada particularmente difícil de encontrar. Os purgatórios apresentam um twist interessante: você pode apostar até 75% do seu HP antes de iniciá-los, aumentando proporcionalmente as recompensas em ninjacoins – um risco calculado que adiciona tensão às decisões.
Os colecionáveis vêm na forma de Porongos, criaturas capturadas através de quick time events durante a exploração. O jogo oferece variedade razoável de inimigos e cenários com diferentes biomas, além de mecânicas de plataforma que adicionam profundidade, embora os controles nem sempre respondam perfeitamente apesar de sua simplicidade.
O Calcanhar de Aquiles: Apresentação Visual
Os gráficos são, sem dúvida, o maior ponto fraco do jogo. As cenas pré-renderizadas especialmente decepcionam, com o visual geral lembrando títulos do início da geração do Xbox One. Modelos de personagens, cabelos e texturas deixam muito a desejar, causando estranheza inicial.
Testado em uma RTX 4060 16GB em Ultra Wide com qualidade máxima e DLSS ativado, o jogo oferece poucas opções de customização gráfica. O lado positivo: as quedas de framerate foram praticamente inexistentes, mantendo-se consistentemente em 60 FPS – excelente para um jogo desse estilo e essencial para a jogabilidade responsiva que a série demanda.

Chefes: Uma Oportunidade Perdida
Talvez o segundo maior defeito sejam as batalhas contra chefes. Com exceção de um ou outro, eles não são memoráveis e, surpreendentemente para um Ninja Gaiden, muitos são até fáceis. Conseguir derrotá-los na primeira tentativa é estranho para os padrões da franquia, conhecida por sua dificuldade punitiva.
Veredicto Final
Apesar de seus defeitos evidentes – gráficos datados, chefes fracos e controles ocasionalmente imprecisos – Ninja Gaiden 4 representa um retorno bem-vindo para uma franquia que estava parada há muito tempo. O jogo resgata mecânicas conhecidas, adiciona pequenas inovações e apresenta um protagonista carismático em Yakumo.
Para fãs da série que ansiavam por um novo capítulo, é um retorno satisfatório que honra o legado enquanto ousa inovar no cenário e personagem. Para novatos, é uma introdução acessível ao hack and slash visceral e frenético que definiu a franquia, desde que consigam olhar além da apresentação visual modesta.
Um retorno sólido que prioriza gameplay sobre gráficos, entregando a essência do que torna Ninja Gaiden especial, mesmo que não alcance a excelência técnica esperada de um lançamento atual.