sáb, 27 abril 2024

Crítica | Nosso Lar 2: Os Mensageiros

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No drama espírita Nosso Lar 2: Os Mensageiros, baseada na obra do médium Chico Xavier, um grupo de cinco espíritos mensageiros liderados por Aniceto (Edson Celulari), entre eles, o médico André Luiz (Renato Prieto), vão ao mundo material para ajudar no resgate de três protegidos cujas histórias interligadas estão prestes a fracassar.

Desde o lançamento de Nosso Lar, adaptação do clássico literário de Chico Xavier que descreve o pós vida, de acordo com os conceitos do Espiritismo, o cinema nacional experimentou uma nova consolidação de produções do subgênero “filmes espíritas”, o que retardou o avanço de longas católicos e evangélicos até o retorno inesperado deste último, com amarguras cinematográficas como Nada a Perder e Os Dez Mandamentos. Com Nosso Lar 2: Os Mensageiros, talvez o interesse do público brasileiro por projetos espíritas retorne com a mesma força que teve entre 2010 e 2016, apesar desta nova produção distribuída pela Disney não ser um dos melhores exemplos do poder do cinema nacional por diversas questões que fazem do primeiro filme ainda insuperável.

Há no novo projeto de Wagner de Assis uma notável tentativa de se aprofundar nos conceitos da religião e destacar como crenças, independente de quais sejam, refletem nas ações humanas e como isso pode se tornar compulsório e tóxico. Na execução dessas ideias, que já não trazem tantas novidades por já terem sido exploradas de uma maneira mais cautelosa e menos tendenciosa, é possível afirmar que Nosso Lar 2: Os Mensageiros está muito aquém da realização do primeiro filme, este que preza por uma narrativa dinâmica e nem contada, utilizando também de sua concepção visual inovadora para o cinema nacional (da época de seu lançamento), a seu favor. Aqui, nós temos uma doutrinação silenciosa e discreta, porém presente e praticamente comum em produções deste subgênero, mas que tenta se mascarar como uma resposta contra a direita evangélica que tentou dominar as salas de cinema recentemente. O que teria funcionado se não fosse a real intenção do longa.

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Na produção de 2024, a artificialidade toma conta, não só do roteiro desnecessariamente confuso assinado pelo próprio Wagner de Assis, como também na sua identidade visual, que se prende, na maioria da metragem, em um Chroma Key que remete a cenários de vídeo games do início dos anos 2000, ostentando um colorido saturado de doer os olhos e efeitos digitais sofríveis, acompanhados de uma montagem extremamente inferior ao filme original, de 2010. Realizado sob um orçamento modesto de 7 milhões, Nosso Lar 2: Os Mensageiros, aparentemente, teve pouco tempo para fazer um bom uso de seu moderado capital e, talvez, aqui tenhamos um dos maiores exemplos de que a “pressa é inimiga da perfeição”. A qualidade do projeto, que ainda apresenta um tom novelesco, não condiz com a notável evolução que o cinema nacional vem passado, nos fazendo acreditar se o problema está realmente nos grandes estúdios e distribuidoras, que visam nada além do lucro.

Imagem: Star+/Divulgação

Com histórias em excesso, Nosso Lar 2 se torna uma confusão de informações e dramas paralelos. Além da jornada dos 5 espíritos principais, temos também a narrativa de: Otávio (Felipe de Carolis), jovem médium que se perdeu em sua missão para as garras do ego, passando a cometer pecados; Isidoro (Mouhamed Harfouch), um rígido líder de um centro espírita; e Fernando (Rafael Sieg), um empresário de sucesso responsável pelo financiamento do projeto comum a eles. As atuações dos co-protagonistas de suas respectivas tramas oscilam em determinados momentos do filme, se provando funcionais, porém caricatas e, às vezes, até sem qualquer emoção. Edson Celulari, apesar de sua caracterização questionável, brilha (e não, isso não se refere ao intenso e irritante brilho que a edição inseriu em diversas sequencias envolvendo seu personagem) por ser um artista de fato compenetrado para com seus trabalhos. As participações de outros artistas renomados, como Othon Bastos e Renato Prieto, chegam a quase não fazerem a menor diferença, a não ser carregar o filme com mais personagens.

Nosso Lar 2: Os Mensageiros recorre ao fator apelativo e ao caráter doutrinário religioso para tentar emocionar. De fato, o filme discretamente emociona, mas não conquista, deixando claro que essa é uma produção destinada a um grupo seletivo de público.

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