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    Crítica | O Bastardo

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    A palavra bastardo deriva do francês “bastard; bâtard” e significa ilegítimo. Porém, O Bastardo, filme que adapta o romance Kaptajnen og Ann Barbara de Ida Jessen, e conta com direção de Nikolaj Arcel (A Torre Negra), está mais interessado em explorar a luta de um homem por sua dignidade em uma terra esquecida por Deus, do que um relação parental mal resolvida. A produção mostra a história do capitão Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen), um herói de guerra orgulhoso, mas empobrecido, que embarca em uma jornada para colonizar uma terra selvagem e aparentemente inóspita na Dinamarca do século XVIII.

    Arcel cria um faroeste brutal, que logo em suas primeiras cenas já mostra a que veio ao explorar sem dó: as dores, amores, provações e decepções que um homem precisa enfrentar para conseguir reconhecimento (terra e um título, se ele tiver sucesso em sua missão). O local onde boa parte da trama se passa é apresentado inicialmente com uma fotografia repleta de tons frios, que vão sendo substituídos por tons mais quentes a medida que a trama avança e uma família improvisada surge em tela. O roteiro, escrito pelo diretor em parceria com Anders Thomas Jensen (Loucos Por Justiça) cria dois temíveis vilões para a trama. O primeiro deles é a natureza inóspita do local onde a história se passa. O outro é o terrível proprietário de terras local, que deseja manter seu status com o fracasso do protagonista. Os elementos humanos e naturais são apresentados de modo tão críveis na história, que o espectador sente a todo momento o peso dos insucessos que o protagonista enfrenta e vibra com cada conquista que ele obtém. Com isso, vemos a história se tornar uma verdadeira montanha russa de emoções, repleta de altos e baixos que movem a trajetória do “herói” vivido brilhantemente por Mads Mikkelsen (A Caça).

    Além do texto afiado, muito do sucesso da história se deve pela atuação dos atores envolvidos. TODOS estão muito bem em seus papéis e tem tempo de tela para desenvolver suas ambições e justificar seus comportamentos. O que ajuda a compreender a trama. Mikkelsen constrói a persona de um homem lógico, prático e obstinado que fará de tudo para alcançar seu objetivo, mas sem ser cruel. Já seu rival, vívido por Simon Bennebjerg (em um ótima atuação) é o completo oposto e cria uma rivalidade impactante. Rivalidade essa que por um tempo, se torna o centro das atenções da história. Ver o amadurecimento e mudança de atitude do personagem de Mikkelsen, pela a influência de outros personagens é encantador e aquece o coração. Outro destaque é a atuação excepcional de Amanda Collin (Raised by Wolves), que merece uma indicação ao Oscar 2025 como melhor atriz coadjuvante.

    Além da rivalidade entre dois homens e da relação entre homem e natureza, o filme ainda consegue explorar bem as questões políticas da época e a violência das relações humanas. Violência essa que surge sem pudor e irá chocar quando necessário. O único defeito da trama é o ritmo, que é cadenciado demais. Em especial no segundo ato, mas nada disso deve atrapalhar a imersão na história.

    O Bastardo é um filme que explora política, ganância, paixão e violência em uma história ÉPICA! A produção será indicada como representante da Dinamarca do Oscar 2025 e o país tem uma obra prima em mãos, que pode fazer história na premiação.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
    Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: hiccaro.rodrigues@estacaonerd.com
    critica-o-bastardo A palavra bastardo deriva do francês "bastard; bâtard" e significa ilegítimo. Porém, O Bastardo, filme que adapta o romance Kaptajnen og Ann Barbara de Ida Jessen, e conta com direção de Nikolaj Arcel (A Torre Negra), está mais interessado em explorar a luta de um homem por sua dignidade...
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