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    Crítica | O Brutalista

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    O Brutalista é um filme que preza muito mais pela experiência de assistir um épico nos moldes do cinema clássico. Ele constrói toda essa escala de crescimento na jornada do personagem, e o longa vai abordar um personagem fictício para mostrar esse desejo do sonho americano, só que vivido por um estrangeiro.

    O Brutalista acompanha a história de László Tóth (Brody), um arquiteto judeu e húngaro pioneiro na técnica do brutalismo, onde cimento é deixado visível nas obras, que migra com sua esposa Erzsébet (Jones) para os Estados Unidos para fugir da Europa diante do crescimento do nazismo.

    Imagem: Universal Pictures/Reprodução

    É algo ousado um diretor jovem como Brady Corbet em sua recente filmografia já emular um longa com VistaVision 70mm. Ele quer construir essa máxima experiência remetendo bastante aos anos 50, mas não apenas de forma gratuita, repassando o período que o filme aborda. A proposta de ter inclusive um intervalo(na própria projeção e com cronômetro) em suas 3h30 retratam mais ainda essa fidelidade com um cinema antigo.

    Mas não é apenas disso que um filme sobrevive. A história quer retratar um período de ascensão dos EUA, após guerra mundial e com uma ideia crescente do sonho americano, inclusive atraindo os estrangeiros. O longa vai construir em suas duas metades essa ideia de ascensão e “queda” do personagem, não ao estilo óbvio de vida e morte, porém no conceito de ideia que o protagonista se interessa e sua relação com aquele país tão conservador, mascarado de progressistas.

    A obra vai retratar essa passagem para um país tão caótico, de diversas ideias, interesses e vidas diferentes. O início é marcado pela primeira vista daquela terra ser a própria estátua da liberdade, ao contrário diga-se de passagem. O diretor busca essas metáforas visuais para retratar a dimensão da exclusão do povo americano com eventuais estrangeiros.

    O personagem vai viver constantes etapas de sua adaptação, desde uma insistência com o idioma bem falado até  mesmo algo mais grave como o vício da heroína fruto da época. Seu primo inclusive, do ramo de venda de móveis, o convida para ajuda-lo, confiando no talento de László e se aproveitando para aumentar sua marca. O personagem inclusive é outro exemplo dessa adaptação de estrangeiros, mudando até nome e negócio para conseguirem entrar nos parâmetros daquela sociedade.

    A primeira parte marca essa aproximação de László com o empresário Harrison. Sua primeira rejeição, mas após descobrir o passado do arquiteto o atrai, ao melhor estilo rico maluco obcecado. Inclusive gerando a maior parte do humor do filme, proveniente dessa constante declaração do magnata com a intelectualidade do mesmo. E aí está essa troca grosseira que László vai sentir daquele país, se apropriando de sua arte, o brutalismo, para servir de desculpa para um centro de comunidade daquela região. Mas obviamente o empresário vai adaptar todo o conceito do arquiteto a sua maneira, inserindo o claro catolicismo predominante da região. E o detalhe do movimento artístico deixa bem claro toda essa prisão que o personagem se encontra naquele país, e sempre servindo mais como um conceito exótico para encantar aqueles homens, do que de fato um inserção da cultura exterior.

    Imagem: Universal Pictures/Reprodução

    E o protagonista vai ser tornar um “refém” daquela situação. Sua obsessão pela arte o cegará, e será machucado mentalmente, moralmente e até fisicamente naquele país. Por mais que a primeira parte tenha um tom mais humorístico e sonhador, o diretor deixa os detalhes estampados ali de uma aproximação por puro interesse, com desculpa de “você é praticamente da família”.

    E na segunda parte é onde ocorre a eventual queda e o choque daquele estilo de vida. Desde situações obvias do personagem verbalizando seu descontentamento, desabafando com sua esposa , aliás, bem inserida nas história, representando um lado diferente com aqueles pessoas, uma mulher fisicamente impedida, porém segura, forte e incisiva com suas convicções. Enquanto seu marido representa um lado mais gentil e calado, sendo paciente com as oportunidades que surgem e sabendo talvez no fundo o seu “não pertencimento”?.

    E talvez uma eventual explicação no epílogo cause uma insatisfação numa possível interpretação de sua arte e montagem. O longa usa seus minutos finais para conceber de forma bem didática os motivos do protagonista. Apesar de desnecessária, ela pode ainda causar um impacto devido aos passado pouco conhecido do público com seu personagem.

    E por isso que O Brutalista busca um convite no épico intimista de nosso personagem. Ele vai construir toda essa estética bem clássico e óbvia para puxar seu público na imersão da história. E por mais que revele talvez uma óbvia falta de experiência do diretor aqui ou ali, ele consegue envolver, não só pela sensação de um filme de 3h30 passar de forma extremamente suave, mas apresentar personagens interessantes e motivados, sejam pelos motivos bons ou ruins de suas personas.

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