O Clube das Mulheres de Negócios é ambientado em um mundo onde os estereótipos de gêneros são invertidos, portanto, mulheres ocupam posições de poder que normalmente são ocupados por homens, e homens cumprem os papeis de serem socialmente submissos. A narrativa irá acompanhar Jongo (Luís Miranda), um fotógrafo renomado com o seu amigo jornalista, Candinho (Rafa Vitti), que chegam de manhã em um clube de campo em São Paulo. Esse clube, comandado por Cesárea (Cristina Pereira) e sua melhor amiga, Brasília (Louise Cardoso). Jongo já está preparado para o que os aguarda naquele ambiente onde metade das mulheres estão envolvidas com a justiça, já Candinho, terá um dia cheio de revelações escandalosas que o farão refletir sobre suas amizades e sua identidade. O Clube das Mulheres de Negócios aborda questões emergentes não apenas do machismo, mas também do racismo, do classicismo e da corrupção, enraizados na cultura patriarcal do Brasil e do mundo.
No primeiro terço, o roteiro escrito pela diretora, funciona muito bem. O suntuoso cenário escolhido funciona como um microcosmo da sociedade brasileira, nele vemos as relações de classe e gênero acontecendo e chocando o espectador. A presença das mulheres como líderes cria uma interessante uma metáfora para a forma como os homens agem no mundo real. As interações entre elas e o constante jogo de aparências tornam o local intrigante e conquistam a atenção do espectador, porém com o passar do tempo a adição de outros elementos e a criação de subtramas acaba levando a narrativa para um turbilhão de ideias que não se encaixam bem na narrativa principal e diluem a mensagem (ou pelo menos a que funcionava muito bem).
A direção de Anna Muylaert é inteligente e a abordagem sobre questões sociais é feita inicialmente feita de modo sincero e brutal. O olhar com que ela disseca as dinâmicas de classe e os desafios das relações de gênero no Brasil é arrebatadora. O problema surge, e atrapalha a história, quando a direção e roteiro começa a misturar gêneros (elementos de terror, comédia, sátira…) e expandir tramas paralelas. O resultado acaba sendo previsível e decepciona. Os diálogos e atuações melhoram um pouco a situação, mas não o suficiente para salvar o filme do lugar comum.
O Clube das Mulheres de Negócios apresenta uma crítica refinada, que infelizmente não se sustenta até o fim da projeção. Uma pena que do meio pro fim a produção resolva abandonar seu olhar ácido e sincero sobre questões como machismo e desigualdades sociais para focar em outros temas e gêneros que só incham a trama e não acrescentam em nada a um filme que tinha tudo para ser um dos melhores do ano.