dom, 17 novembro 2024

Crítica | O Esquadrão Suicida

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Uma das desculpas mais usadas por diretores para explicar o fracasso de um filme nas bilheterias é a falta de “liberdade criativa”, algo que é estranho de ser dito, pois o cinema é uma forma de fazer arte, sendo assim ela não deveria ser limitada. Mas o cinema também é uma indústria que rende milhões e os estúdios vez ou outra se metem no trabalho do diretor e os impedem de colocar todas as suas ideias nas telonas. Mas o que acontece se o diretor tem total liberdade criativa? Bom, James Gunn responde essa pergunta produzindo, roteirizando e dirigindo com TOTAL liberdade O Esquadrão Suicida, entregando um resultado positivo, transformando esta obra no melhor filme do universo cinematográfico da DC.

Warner Bros/Divulgação

James Gunn (Guardiões da Galáxia) é um dos melhores diretores da atualidade e comprova isso na nova aventura do grupo de vilões que serve como reboot/sequência do original. O começo de O Esquadrão Suicida é repleto de tiro, porrada, humor nonsense e muita violência! O diretor aposta no uso de uma narrativa não linear, que alterna o presente e passado para explicar situações, motivações e até os planos do grupo. Um acerto que prende a atenção do espectador e que prepara o terreno para o restante da trama. Além disso, o diretor cria nos primeiros 15 minutos uma obra que é um espetáculo de criatividade e violência.

Na nova aventura o governo (representado pela temida Amanda Waller) envia os supervilões mais perigosos do mundo para a remota ilha de Corto Maltese, repleta de inimigos. Armados, eles viajam pela selva perigosa em uma missão secreta. Sabendo que o público (ou parte dele) já está familiarizado com a ideia do filme, Gunn utiliza bem o que deu certo no primeiro filme, e usa de modo sagaz quatro personagens do primeiro longa, afim de introduzir as regras do filme de modo dinâmico. Os aspectos técnicos do diretor são dignos de aplausos e deixaram os fãs embasbacados com tanta criatividade. Gunn usa a câmera de modo ágil e cria cenas memoráveis, além disso ainda adiciona as cenas de ação (que são bem filmadas e coreografadas) com uma trilha sonora que dá um tom épico a ação, com destaque para a cena de Arlequina. A fotografia é excelente e, em geral, o diretor opta por efeitos práticos, mas sem deixar de lado os efeitos especiais que são impecáveis. A construção do Doninha e do Tubarão-Rei são de um aprimoramento visual digno de premiação.

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Warner Bros./ Divulgação

O roteiro escrito por Gunn usa o caos em sua narrativa de modo objetivo e sem muita enrolação, o que contribui para o andamento fluído da narrativa que ocorre de modo acelerado, mas sem atropelos. Quando o espectador achar que algo está acontecendo sem explicação, BOOOM, vem uma explicação pontual. Para dar um respiro a tanta adrenalina, a trama usa de “capítulos” entre as reviravoltas apresentadas. O texto de Gunn ainda consegue construir a personalidade e motivação do grupo de “heróis”, lembrando para o espectador que eles são vilões, mas sem dizer didaticamente que eles são malvados. A obra aqui não foca só em palavras, mas sim nas atitudes do grupo. Seja por ações violentas ou ações egoístas os personagens da trama são vilões, mas antes de tudo são humanos. Afinal, ninguém é 100% malvado, assim como ninguém é 100% santo naquele grupo e a trama revela o que os levou para esse caminho sombrio.

Apesar dos personagens terem executados algumas ações tenebrosas no seu passado e violentas na história, todos os integrantes do Esquadrão são adoráveis e cativantes, e fica difícil não torcer por alguns deles. Os destaques do elenco, que está afiado nas suas atuações, são: Margot Robbie (Arlequina) que surge mais louca e carismática do que nunca; Daniela Melchior (Caça-Rato 2) que é o coração do grupo e da trama e a dupla John Cena (Pacificador) e Idris Elba (Sanguinário) que representam o conceito de rivalidade entre vilões. Como a trama possui muitos personagens, alguns são coadjuvantes de luxo e não possuem muito tempo em tela, servindo apenas de escada para os demais, o que é uma pena. O longa ainda possui um mar de referências aos quadrinhos e alguns easter eggs que farão as alegrias dos fãs mais atentos, como a camisa de Rick Flag que faz alusão ao Pernalonga, entre outros que não serão ditos para não estragar as surpresas.

Alguns personagens tem seus poderes e origens modificadas em prol da narrativa, algo que pode irritar alguns fãs mais puristas dos quadrinhos, mas nada atrapalha a diversão. A nova aventura da DC foca exclusivamente nisso: DIVERSÃO, os que buscam um trama reflexiva ou que traga algum tipo de debate, podem tirar seus cavalinhos da chuva, o máximo que vão achar aqui são algumas críticas a questões da política americana e uma cutucada esperta as cenas de “ação limpa” que a Marvel apresenta em seus filmes. No mais, o longa quer fazer você se divertir com um banho de sangue cheio de estilo e acerta nisso.

O Esquadrão Suicida é absurdo e divertido pra c@r*lh#! Um dos melhores filmes do DCU e da carreira de James Gunn. Que as próximas aventuras da DC nos cinemas deixem os diretores terem a sua liberdade criativa. Eles agradecem e o público também.

OBS: O filme possui uma cena pós-crédito no final da projeção.

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