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    Crítica | O Grito

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    Basicamente, todos os anos nos deparamos com remakes ou reboots de franquias que, de algum modo, fizeram sucesso, sem necessariamente ser uma boa obra. Uma das principais características de uma refilmagem é trazer uma versão mais voltada à nova geração de consumidores. Alguns fazem isto com primor, adequando o material base à contemporaneidade, tornando a obra até melhor que o original. Outros, destroem a ideia principal e contam uma história bem distante do que deveriam. E tem aqueles que vão além: fabricam material tão ruim, que nem um biodigestor é capaz de ser alimentado com tal combustível. Assim, temos O Grito.

    Em 2002, Takashi Shimizu concebeu seu filme Ju-on, inaugurando o subgênero “horror japonês”, depois que Hideo Nakata deu o pontapé inicial com The Ring (O Chamado), em 1998. Hollywood, que não é bobinha, tratou de providenciar remakes destes sucessos e, de forma geral, agradaram bem o público, principalmente O chamado (2002), dirigido por Gore Verbinski (Piratas do Caribe, Rango, A Cura). O Grito viria em 2004, dando origem a duas sequências, uma em 2006 e outra tão ruim que nem foi para cinema, em 2009.

    Mas, o que pode ser visto neste reboot de remake (sim, é isto mesmo), é um conjunto de ideias distópicas, divergentes e totalmente velhas. Para os mais críticos do gênero, basicamente nada funciona. O filme trata de uma maldição: mãe e filho assombram e matam a qualquer pessoa que entre na residência onde o crime aconteceu. Assim, o diretor Nicolas Pesce entrelaça sua trama principal às secundárias, de diferentes épocas, porém, ligadas pela maldição. Utiliza linguagem não linear: a trama se desenvolve e é exposta em flashes. Isto praticamente matou o longa, uma vez que torna o filme repetitivo, já que mostra como cada personagem, no passado, morre. Ele também não entrega camadas aos personagens: quando não há zelo pela vida dos personagens, não há envolvimento do público, assim, o filme não engrena. Mas, é claro, isso é bastante pessoal. Os jumpscares dominam este filme da pior forma possível, como se quisesse reinventar o artifício, bastante genérico. O elenco é incrível (Andrea Riseborough, Demián Bichir, William Sadler, John Cho e Jacki Weaver), mas, no melhor das interpretações, temos algo abaixo da média, bem abaixo, sobretudo Lin Shaye (franquia Sobrenatual), que é posta num papel abominável.

    Ju-on realmente não merecia tamanha falta de compromisso das mãos do diretor (e roteirista) Nicolas Pesce para a nova geração. Quando falamos de remakes, reboots, muitos torcem o nariz justamente por conta dessas furadas apresentadas no filme em discussão. A tristeza só aumenta quando temos o veterano Sam Raimi na produção, queimando dinheiro. Sem trazer história envolvente, com mais falhas do que acertos, personagens unidimensionais, jumpscares telegrafados e final sofrível, O Grito é tudo que você deve fugir nesta quinta, 13. Fortíssimo candidato a pior do ano.

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