qui, 30 janeiro 2025

Crítica | O Homem do Saco

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O gênero de terror começou com tudo em 2025 com o lançamento no Brasil de ‘Nosferatu’, dirigido por Robert Eggers, e logo na sequência com ‘Lobisomen’, lançamento recente da Blumhouse, e agora chega mais uma produção da Lionsgate, ‘O Homem do Saco’. A Lionsgate não vem de uma grande sequência de filmes de terror, tendo em vista lançamentos como ‘Não Solte!’, ‘Os Estranhos: Capítulo 1’ e ‘Imaginário’, mas ainda aposta em títulos como ‘O Homem do Saco’ para voltar a ter maior apoio do público. O filme é dirigido por Colm McCarthy, conhecido principalmente por dirigir ‘Black Mirror: Black Museum’, episódio da quarta temporada da série, e ‘A Menina com Todos os Dons’ (2016). No elenco, Sam Claflin é a grande estrela, famoso por ser Will em ‘Como Eu Era Antes de Você’ (2016) e por fazer o Finnick na saga de ‘Jogos Vorazes’, sendo agora apenas a terceira vez que ele atua em um filme de terror na sua filmografia.

Após se mudarem, o casal Patrick (interpretado por Sam Claflin) e Karina (interpretada por Antonia Thomas) começam a serem invadidos por uma figura misteriosa que assombra o filho do casal, Jake (interpretado por Caréll Vincent Rhoden), obrigando Patrick a reviver seus traumas do passado.

Não existe jeito certo ou errado de tratar algo no cinema. Seja um ângulo, um enquadramento, um corte, uma luz, o que seja. Quando vemos um filme de terror, por exemplo, existem diversas e variadas abordagens de como tratar “o mal” do filme em questão. Tem como interligar isso com a história do protagonista, tem como citar e utilizar a mitologia real (extra-filme) daquele inimigo (principalmente se for alguém ou algo físico, como um boneco), tem como usar o metafísico daquela narrativa, tem como alinhar o perigo do presente com traumas do passado. Existem inúmeras maneiras. Em ‘O Homem do Saco’, o diretor tenta abordar o mito de todas essas formas, sem conseguir se aprofundar e criar uma relação com o público em nenhuma. Somos apresentados ao homem do saco como trauma de infância de Patrick, como um monstro, há uma tentativa de mostrar o mal como algo “espiritual”, tentando a conexão do monstro com o filho do casal, depois mostrado apenas como um trauma pois seu pai contava a história para assustá-lo, há a tentativa de expandir a figura do monstro e do seu local de habitação… existem muitas tentativas, formando uma salada de jeitos diferentes de tratar aquela história sem se comprometer com nenhuma.

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Créditos: Paris Filmes/Lionsgate

Tentando alinhar todas essas diferentes abordagens, existem também uma infinidade de artifícios narrativos como flashbacks, diálogos expositivos, objetos usados como Armas de Chekhov (quando um objeto, inicialmente, aparenta ser inútil para a narrativa mas depois se mostra essencial), até mesmo de clichês como a aparição daquele personagem que vai colocar um monte de papel na mesa e explicar a história do inimigo que pode estar aparecendo. Tudo isso na expectativa de criar uma obra que retratasse esse trauma da infância de Patrick de forma sombria, mas que apenas não encontra nenhuma coerência na decupagem, na fotografia, no trabalho sonoro ou no próprio roteiro, pois deixa linhas secundárias em aberto, sendo o melhor exemplo a do irmão de Patrick, Liam (interpretado por Steven Cree). É um grande problema quando o próprio artista (o diretor) entra em conflito consigo mesmo sobre sua obra, pois ele fica perdido, tentando ao máximo achar uma coerência naquilo tudo, sendo que ele nem tentou raciocinar o que estava fazendo antes de falar “ação”. 

‘O Homem do Saco’ tenta bastante criar uma atmosfera ao redor do mito e um terror que conecte o espectador com Patrick, sua infância e seus traumas, mas acaba frustrando todas as expectativas de um projeto interessante quando abre muitas portas para diferentes análises daquela história, mas não aproveita nenhuma.

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Destaque

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