Saudades de assistir um filme nacional? A cada ano que passa o Brasil lança diversas comédias, mas devido a pandemia teremos que nesse ano nos contentar com a estreia das produções nacionais nos serviços de streaming. O representante da vez é a comédia O Homem Perfeito, que estreou recentemente na Netflix. Com um elenco de peso o longa é sucesso absoluto, certo? Leia abaixo e descubra (sim eu sou misterioso, rs).
O Homem Perfeito conta a história de Diana, mulher de 42 anos, que possui uma carreira de sucesso como escritora, culta e que mantém um bom casamento com seu marido. Até descobrir que ele está lhe traindo com uma aspirante a bailarina de apenas 23 anos. Apesar da premissa clichê, o longa até surpreende ao tomar caminhos “peculiares” no modo de contar a sua história, pena que mesmo com potencial as escolhas não sejam as melhores. A ideia da mulher traída que busca de destruir o novo relacionamento do ex-marido criando um perfil fake de “um homem perfeito” para seduzir a nova namorada dele é boa, mas a execução é sem graça e nada empolgante. O roteiro do longa, escrito pela dupla Patricia Corso e Tati Bernardi (Meu Passado Me Condena), poderia abordar os perigos das redes sociais ou mesmo brincar com os relacionamentos virtuais ou até se divertir com as mensagens trocadas entre uma mulher que finge ser um homem para conquistar a mulher que destruiu seu casamento. Mas nada disso acontece e tudo que vemos é um papo tímido e nada descontraído, isso se repete em outras situações do longa que depende absurdamente do carisma de seu elenco para engrenar. Sorte nossa e azar do filme.
A comédia perde pontos também pela facilidade com que os problemas que surgem na narrativa, que poderiam gerar boas situações, são resolvidos. Tudo é muito fácil, nada levanta suspeitas, todas as desculpas são bem boladas e essa perfeição toda faz com que o longa perca a força e o espectador o interesse. Mesmo não sendo uma comédia escrachada e que arranca sorrisos aqui e ali, o longa ao menos cria personagens que fogem do esteriótipo visto, na maioria das comédias nacionais. Em especial as personagens femininas que estão longe de serem frágeis donzelas e são mostradas como mulheres bem independentes e donas de si. A direção de Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) cria algumas gags visuais interessantes e faz o feijão com arroz em suas tomadas. Todo longa só não fracassa, devido a presença de Luana Piovani (A Mulher Invisível) que rouba as cenas com seu carisma e elegância, criando uma personagem forte, pena que todo esse esforço não salva o roteiro que pouco agrega. Me expliquem por que deabos as personagens de Piovani e Juliana Paiva (Rúcula Com Tomate Seco) se interessariam pelo personagem de Marco Luque (Colegas)? Nada visto no filme e no roteiro justifica esse desejo irracional delas.
O Homem Perfeito possui diversas falhas como comédia romântica e alguns méritos como filme sobre mulheres empoderadas, pena que esses méritos não sejam o suficiente para cobrir os defeitos dessa obra. Enquanto você não acha o homem, digo, o filme perfeito, passe o tempo com esse e se conseguir se divirta.