seg, 23 dezembro 2024

Crítica | O Jogo da Morte

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Em O Jogo da Morte (Ya khochu v igru) a estudante rebelde Dana, inconformada com o suicídio da irmã mais nova, decide investigar o que de fato aconteceu e descobre que ela foi vítima de um jogo sinistro nas redes sociais. A jovem, então, se infiltra no game criminoso para colher provas de uma organização responsável pela morte de adolescentes na Rússia.

A era do found footage apresentava um desgaste de ideias e boas histórias, até o estilo “digital” do subgênero fazer reacender o interesse do público nesses tipos de narrativa que necessitam da criatividade de seus realizadores para se sustentar. Filmes como “Buscando…” (2018) e “Host” (2020) apostaram numa dinamicidade criativa em seus respectivos storytellings, sabendo explorar o suspense e o terror com certa inventividade e um notável apreço pelo que estava sendo realizado pela equipe de produção. No russo O Jogo da Morte (Ya khochu v igru ou #Blue_Whale), a criatividade da montagem e da narrativa é substituída pelo excesso de informações e a divisão de subgêneros, uma vez que o suspense que envolve os perigos de desafios de “Baleia Azul”, infelizmente populares na internet no final da década passada, se transforma em um drama investigativo.

Há, de fato, uma bagunça em O Jogo da Morte, seja por conta do ritmo acelerado e enfadonho, do roteiro mal escrito que não consegue encontrar organização para suas tantas ideias e da direção desajustada de Anna Zaytseva. No primeiro ato do longa, tudo é exporto com rapidez e despreocupação com impactos ou emoções. Ao longo da projeção, o tema principal a respeito do suicídio e os gatinhos existentes na internet passa a ser explorado, ora detalhadamente, ora de uma maneira explícita que beira a irresponsabilidade e a falta de sensibilidade.

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Na verdade, Zaytseva parece não se importar verdadeiramente com a temática, abrindo espaço para diálogos e situações que esbanjam o óbvio, além de uma mensagem final desprovida de qualquer emoção ou sinceridade, movida a partir do modo automático. Reviravoltas minimamente interessantes chegam a marcar presença em O Jogo da Morte, porém não geram impacto devido justamente a obviedade da história.

Imagem: Paris Filmes

Por outro lado, o protagonismo de Dana, interpretada pela jovem promissora Anna Potebnya, consegue sustentar um suspense investigativo que até instiga o público, mesmo excessivamente temperado de clichês. Não há muito o que falar dos demais personagens do longa, tampouco de seus intérpretes. O Jogo da Morte ainda é composto por nomes como Yekaterina Stulova, Polina Vataga e Timofey Yeletskiy no elenco. O maior mérito do filme é, sem dúvida, o minucioso trabalho de tradução realizado para adaptar a obra à versão ocidental. Nomes, textos e mensagens foram devidamente traduzidos e adaptados, seguindo todo o ritmo frenético do longa.

Não que o suspense de O Jogo da Morte seja um total problema, pois há momentos de tensão louváveis, mesmo que breves. Porém, este é um dos principais responsáveis por ofuscar possibilidades de discussões importantes sobre a internet nociva e a necessidade de pedir ajuda.

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