qui, 12 dezembro 2024

Crítica | O Peso do Talento

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Uma das trajetórias mais curiosas de Hollywood é a de Nicolas Cage, inicialmente conhecido com papéis marcantes entre os anos 80 e 90, e posteriormente astro de grandes filmes de ação, até chegar no momento mais difícil de sua carreira (decorrente de diversos problemas financeiros de sua vida pessoal), aceitando muitos papéis questionáveis e ridicularizados por muitas pessoas até os dias de hoje. É inegável o enorme carisma que o ator possui, e a legião de fãs que ele conquistou, então nada mais  justo do que um filme que celebra justamente essa figura mítica que ele se tornou.

Criativamente insatisfeito e enfrentando uma ruína financeira, a versão ficcional de Cage deve aceitar a oferta de 1 milhão de dólares para marcar presença na festa de aniversário de um fã, muito fanático e perigoso (Pedro Pascal). As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e forçado a viver de acordo com a sua própria lenda, canalizando os seus personagens mais icónicos e amados do cinema para salvar-se a si mesmo e aos que ama. Com uma carreira construída para este momento, o premiado ator deve assumir o papel de uma vida: O de Nicolas Cage.

O Peso do Talento brinca justamente com essa paródia sobre toda sua carreira, mas também homenageia, e entrega os famosos “fã services” muito conhecidos em filmes como da Marvel e DC. Essa metalinguagem é apresentada durante o longa, mas infelizmente não é explorada por completo, ela se limita apenas para objetos de outros filmes, algumas falas e piadas para o telespectador, e pequenos trechos tirados de antigos filmes celebrados do ator. Os problemas do longa se assemelham muito a diversos clichês, falta de criatividade nas cenas de ação, e um desinteresse na parte de espionagem envolvendo um sequestro.

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Em relação ao trabalho de Nicolas Cage, temos uma mistura de auto depreciação (espécie de crise de meia idade) e aquela famosa dose exibicionista do ator, pequenos momentos de explosão que são o principal charme de Nick ao longo de sua carreira. Aqui ele também interpreta uma versão mais jovem dele, fruto de sua imaginação, aparecendo em alguns momentos para questionar sobre suas atitudes e celebrar sua carreira, infelizmente devido ao CGI fraco de seu rejuvenescimento, é nítido que essas partes poderiam ser retiradas do longa, não acrescentam muito para a história.

Unbearable Weight Of Massive Talent

O momento de brilho do filme é a interação de Nick com o personagem Javi, um espécie de fã absoluto do ator. As interações entre eles são um show de carisma e química, mérito gigante para os dois atores. As brincadeiras envolvendo discussões sobre cinema, os filmes favorito de cada um, os diversos itens que o personagem de Pedro Pascal possui de toda a carreira de Nicolas Cage, é uma verdadeira celebração. O personagem Javi funciona como se fosse uma projeção dos fãs do ator se estivessem com ele, a metalinguagem da obra funciona brilhantemente nessas cenas, destaque para a viagem de ácido enquanto os dois estão dirigindo.

No final, a sensação deixada por O Peso do Talento é positiva, uma homenagem mais que merecida para esse ator, entre o drama e a comédia é possível buscar muito valor de entretenimento, uma parte praticamente obrigatória para os fãs de Nicolas Cage. Uma espécie de meme ganhando vida na tela do cinema, ou como é transmitido no título original do longa: o insuportável talento maciço, a piada está desde o título.

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